Líder islâmico sempre buscou ampliar poderes

Carismático no início, presidente começou a endurecer políticas após vitórias sucessivas do seu partido AK

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Por Renata Tranches

O presidente Recep Tayyip Erdogan surgiu no cenário político turco na década de 70, muito ativo no Partido Welfare, de orientação islâmica. Foi prefeito de Istambul entre 1994 e 1998, até ser removido por militares. Nesse ano, o Welfare foi banido e Erdogan, detido por quatro meses. 

Em agosto de 2001, Erdogan fundou o Partido da Justiça e Desenvolvimento, o AKP, com o aliado Abdullah Gul. Entre 2002 e 2003, o AKP venceu com sólida maioria as eleições parlamentares e Erdogan tornou-se primeiro-ministro, o primeiro islâmico da história do país. 

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Em entrevista ao Estado, o analista do Instituto Cáucaso-Ásia Central (Istambul) Gareth Jenkins relatou que Erdogan costumava ter o “melhor instinto político” de sua geração. “Mesmo com personalidade abrasiva e retórica implicante que alienavam a classe média secular, sabia como se conectar com a maioria das pessoas.” 

A virada, segundo Jenkins, ocorreu com as eleições gerais de 2011. “Aquela terceira vitória do AKP tornou Erdogan confiante ao ponto da arrogância”, disse o analista, acrescentando que, desde então, ele começou a encorajar o culto pessoal. 

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Erdogan começou a ser criticado por promover políticas conservadoras, perseguir opositores políticos e jornalistas. Culpava o clérigo Fethullah Gulen, que vive no exílio, de alimentar as informações e denúncias de corrupção contra seu governo. Em 2013, reprimiu com a força um grande protesto popular. 

Após 12 anos como premiê, foi eleito presidente em 2014. Erdogan assumiu o cargo, até então figurativo, com ambições de mudar a Constituição para dar a ele poderes de chefe de governo e continuar como homem forte da Turquia.   

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