LA PAZ - O líder cívico de direita Luis Fernando Camacho, peça-chave na renúncia do agora ex-presidente boliviano Evo Morales, anunciou formalmente sua decisão de concorrer à presidência nas próximas eleições, previstas para janeiro, mas ainda sem data.
Em carta pública, Camacho usou dois argumentos para justificar sua decisão: "Quero que Evo Morales, (o ex-vice-presidente) Alvaro García Linera e sua liderança de capangas nunca mais governem novamente" e "que o povo deixe de ser relegado a decisões públicas".
Camacho, líder cívico de Santa Cruz de la Sierra, a região mais próspera do país, antes negava sua intenção de concorrer à presidência. Agora, ele disse que o fazia para não enfraquecer o apoio popular à sua causa para tirar Evo do governo.
Até o momento, ainda não está claro por qual partido político Camacho concorrerá nas eleições nacionais.
Após o cancelamento das eleições de 20 de outubro por fraude, o governo interino boliviano convocou novas eleições gerais, que ainda não tem data porque os novos ministros do Tribunal Eleitoral, que organizará a votação, ainda não foram nomeados.
Não está descartado que Camacho forme uma chapa com Marco Pumari, líder cívico de Potosí, ao sul, que também ganhou notoriedade durante a revolta social que se seguiu às eleições.
Com discurso agressivo e forte conteúdo religioso, Camacho liderou os protestos sociais em Santa Cruz, exigindo inicialmente um segundo turno nas eleições, mas sua posição foi radicalizada para exigir a renúncia de Evo.
Ele foi a La Paz com o objetivo de entregar uma carta a Evo, mas os grupos relacionados ao ex-presidente o impediram de sair do aeroporto.
Depois, com garantias das autoridades policiais da época, fez uma segunda tentativa. Em La Paz, também selou importantes alianças políticas que fortaleceram sua liderança e demandas.
Entre os as outras personalidades que anunciaram sua intenção de participar das próximas eleições estão o ex-presidente Carlos Mesa, que perdeu a votação cancelada para Evo, e o pastor evangélico coreano-boliviano Chi Hyung Chung. / AFP
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