‘Com aliados como esses, venceremos esta guerra’, diz Zelenski a líderes europeus em Kiev

Primeiros-ministros de Polônia, República Checa e Eslovênia anunciaram encontro com Volodmir Zelenski nesta terça-feira, 15, apesar de ataques russos à capital ucraniana

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Por Redação
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KIEV - Ao receber os primeiros-ministros da Polônia, República Checa e Eslovênia, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse a repórteres que, “com aliados como esses, venceremos esta guerra”. Os três fizeram uma perigosa viagem de trem para Kiev para oferecer seu apoio. A visita aconteceu em meio aos intensos bombardeios russos à capital ucraniana.

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Os comentários do presidente da Ucrânia se seguiram a uma reunião extraordinária com os três líderes da UE em uma capital que está perto de ser cercada por forças russas. Eles são os primeiros visitantes ocidentais a Kiev desde que a guerra começou, há duas semanas.

Em imagens da reunião publicadas nas redes sociais, Zelenski foi ouvido informando aos líderes da UE sobre a mais recente situação militar e humanitária e as negociações com a Rússia. “Eles estão bombardeando por toda parte”, Zelenski é ouvido dizendo a eles. “Não apenas Kiev, mas também as áreas ocidentais.”

Os primeiros-ministros da República Checa, Petr Fiala, da Polônia, Mateusz Morawiecki, e da Eslovênia, Janez Jansa, viajaram a Kiev de trem.

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Zelenski reúne-se em Kiev com líderes polonês, checo e esloveno Foto: Telegram/V_Zelenskiy_officia


Pelo Facebook, o premiê polonês disse que o objetivo da viagem era “parar a tragédia que está acontecendo no Leste Europeu o quanto antes”. “É por isso que, juntamente com o vice-primeiro-ministro (Polônia) Jaroslaw Kaczynski e os primeiros-ministros Petr Fiala e Janes Janza, estamos em Kiev”, escreveu. Kaczynski pediu uma “missão de paz” da Otan, protegida por forças armadas.

A visita foi mantida sob absoluto segredo e foi anunciada apenas depois que o trem que transportava os líderes para Kiev cruzou para a Ucrânia na manhã desta terça. O líder polonês chamou a viagem de “uma missão histórica”.

Apoio

“É nosso dever estar onde a história é forjada. Porque não é sobre nós, mas sobre o futuro de nossos filhos que merecem viver em um mundo livre de tirania”, disse Morawiecki ao anunciar a viagem.

“O objetivo da visita é confirmar o apoio inequívoco de toda a União Europeia à soberania e independência da Ucrânia”, disse Fiala.

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O primeiro-ministro esloveno Janez Jansa, o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki e o primeiro-ministro tcheco Petr Fiala falam sobre um mapa em um trem para Kiev, Ucrânia Foto: TWITTER/·MorawieckiM / HANDOUT

Eles são os primeiros líderes que visitam a capital ucraniana desde que a Rússia invadiu o país e querem demonstrar apoio ao presidente ucraniano. As três nações da Europa Central são peças centrais da cortina de ferro da União Soviética que agora integram à UE e à Otan.

A Polônia vem pedindo uma resposta mais forte da UE à invasão russa desde o início do mês passado, até mesmo oferecendo a adesão da Ucrânia ao bloco. Zelenski também pediu que seu país se junte ao bloco, embora isso envolva um longo processo que pode levar até uma década.

A guerra da Rússia na Ucrânia colocou a Polônia em uma posição crítica, com o país absorvendo um número crescente de militares americanos e se tornando um ponto de trânsito de armas e ajuda humanitária para a Ucrânia.

O país também está hospedando mais refugiados ucranianos do que qualquer outro país europeu – pelo menos 1,5 milhão – e muitos estão hospedados nas casas de famílias polonesas em vez de campos de refugiados.

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Em Bruxelas, autoridades disseram que foram informadas da visita, mas a caracterizaram como sendo feita de forma independente para uma zona de guerra.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, que foi questionado sobre a visita, não a endossou totalmente, mas disse: “Acho importante que os líderes dos países da Otan, dos estados membros europeus, estejam se envolvendo de perto com o presidente Zelenski”.

Bombardeios intensos

A visita ocorre enquanto combates ferozes continuam em toda a Ucrânia, inclusive na capital sitiada, alvo de constantes disparos da artilharia russa. Nesta terça, um ataque com mísseis atingiu um prédio residencial, matando pelo menos cinco pessoas, segundo autoridades ucranianas.

O bombardeio provocou um grande incêndio, mobilizando um esforço frenético de resgate em um prédio de 15 andares em um distrito oeste da cidade. Pelo menos uma pessoa morreu na explosão.

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As ondas de choque de uma explosão também danificaram a entrada de uma estação de metrô no centro da cidade que foi usada como abrigo antiaéreo.

Um toque de recolher foi imposto na capital ucraniana, Kiev, a partir das 20h (15h em Brasília) na terça-feira até às 7h (2h em Brasília) na quinta-feira, anunciou o prefeito Vitali Klitschko. “É proibido circular pela cidade sem permissão especial, exceto para ir a abrigos antiaéreos”, disse Klitschko.

“A capital é o coração da Ucrânia e será defendida. Kiev, que atualmente é o símbolo e a base operacional avançada da liberdade e segurança da Europa, não será abandonada por nós”, finalizou o prefeito.


Orédios e veículos destruídos por bombardeios russos a Kiev em 14 de março Foto: Gleb Garanich/Reuters

Movimentações da guerra

O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, anunciou nesta terça-feira que militares tomaram o controle total da região de Kherson, no sul da Ucrânia.

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Capital provincial de cerca de 250 mil habitantes, Kherson é o primeiro centro urbano importante a cair nas mãos das tropas russas depois da invasão. Autoridades de defesa dos EUA dizem que a Rússia pode usar a cidade como parte de uma estratégia para potencialmente tomar Mykolaiv e depois Odessa.

Forças russas também dispararam foguetes no principal aeroporto civil da região de Dnipro, no leste da Ucrânia, durante a noite, destruindo sua pista e danificando o prédio do terminal, disse o governador regional Valentyn Reznichenko nesta terça-feira.

Enquanto isso, em uma vitória das tropas ucranianas, o governo de Mykolayiv disse que a situação de segurança estava mais calma na área na terça-feira após forças russas serem ligeiramente afastadas da capital. Em entrevista à televisão nacional, o governador Vitali Kim disse que as tropas russas continuaram atirando na cidade de Mikolayiv e que 80 pessoas ficaram feridas na segunda-feira, incluindo duas crianças.

“Você pode ter 99% de certeza de que a região de Mikolayiv continuará a conter o avanço das tropas russas. Há o rio Bug, que eles precisam atravessar para avançar”, disse ele. “Não vamos entregar as pontes aos invasores.”

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Também no sul, autoridades europeias lutam para levar ajuda humanitária à cidade portuária de Mariupol, cercada por tropas russas. Pelo menos 200 mil pessoas esperam por retirada urgente de da cidade, segundo estimativas oficiais ucranianas.

Cerca de 29 mil pessoas foram retiradas de várias cidades sitiadas em toda a Ucrânia nesta terça-feira, de acordo com Kirilo Tymoshenko, vice-chefe da administração presidencial.

As retiradas se aceleraram na cidade portuária sitiada de Mariupol, no sul da Ucrânia, onde mais de 2,1 mil pessoas foram mortas desde que a invasão russa começou em 24 de fevereiro, segundo autoridades locais.

“Hoje, cerca de 20 mil pessoas deixaram Mariupol em carros particulares usando um corredor humanitário. Cerca de 4 mil carros deixaram a cidade”, informou.

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A Cruz Vermelha e a agência de refugiados das Nações Unidas dizem que milhões de pessoas enfrentam escassez de alimentos e remédios, juntamente com as ameaças imediatas de bombardeios e ataques aéreos.

A Organização Internacional para as Migrações informou que o número de pessoas que fugiram da Ucrânia desde a invasão da Rússia em 24 de fevereiro passou de 3 milhões na terça-feira. A ONU descreveu a enxurrada de pessoas que atravessam a Polônia e outros países vizinhos como a maior crise de refugiados da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

‘Fim da guerra em maio’

Um dos principais assessores de Zelenski disse que a guerra terminaria em maio, e poderia até terminar em algumas semanas, já que a Rússia estava efetivamente sem tropas novas para continuar lutando.

“Estamos em uma bifurcação na estrada agora: ou haverá um acordo de paz muito rapidamente, dentro de uma ou duas semanas, com retirada de tropas e tudo, ou haverá uma tentativa de juntar alguns, digamos, sírios por um segunda rodada e, quando os triturarmos também, um acordo em meados de abril ou final de abril”, disse Oleksiy Arestovich em um vídeo.

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“Acho que o mais tardar em maio, início de maio, devemos ter um acordo de paz, talvez muito antes: veremos”, disse Arestovich.

As observações projetaram uma confiança recém-descoberta de que as forças em menor número da Ucrânia frustraram o que os países ocidentais acreditam ser o objetivo de Moscou - derrubar Zelenski e instalar líderes pró-Rússia em Kiev.

A Rússia diz que não tem como alvo civis e está realizando uma “operação especial” para desarmar e “desnazificar” a Ucrânia.

A Ucrânia disse nesta terça-feira, 15, que a Rússia parecia suavizar sua posição nas negociações destinadas a interromper os combates. As conversas entre representantes russos e ucranianos, com a última rodada realizada nesta terça-feira via vídeo, tornaram-se “mais construtivas”, e a Rússia parou de exigir que a Ucrânia se rendesse, disse o assessor presidencial ucraniano Ihor Zhovkva.

Zhovkva disse que os representantes ucranianos se sentiram “moderadamente otimistas” após as negociações, acrescentando que seria necessário que os presidentes Zelenski e Putin se encontrassem para fazer grandes progressos./AP, AFP, NYT e REUTERS

Correções

Uma primeira versão deste texto apontava o primeiro-ministro da Eslovênia, Janez Jansa, como chefe de governo da Eslováquia.

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