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Livro é devolvido a biblioteca com 120 anos de atraso

Se a multa atual de US$ 0,05 por dia fosse cobrada, leitor deveria cerca de R$ 10,2 mil

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Por Orlando Mayorquin
Atualização:

No que diz respeito aos livros, “An Elementary Treatise on Electricity” (Um Tratado Elementar sobre Eletricidade, em tradução livre), de James Clerk Maxwell, dificilmente é um nome familiar. Apesar disso, a obra ganhou uma atenção renovada no mês passado, depois que uma cópia foi devolvida a uma biblioteca de Massachusetts, nos Estados Unidos, com quase 120 anos de atraso.

“Este é definitivamente o livro mais atrasado que recebemos de volta”, disse Olivia Melo, diretora da biblioteca, no domingo, 9. “E nós recebemos alguns livros de volta depois, você sabe, de 10, 15 anos.” O livro, publicado em 1881 e escrito por um proeminente físico escocês, foi um dos primeiros textos científicos que expôs as teorias elétricas. Suas 208 páginas, encadernadas por uma capa cor de amora, estão repletas de jargões técnicos e misturas de equações matemáticas elaboradas.

"Um Tratado Elementar sobre Eletricidade" de James Clerk Maxwell, foi descoberto entre os livros doados às bibliotecas da West Virginia University. Ele foi retirado há cerca de 119 anos. Foto: Peter Pereira/The Standard-Times via AP

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A biblioteca adquiriu o livro em 1882, segundo a diretora. Provavelmente, ele foi retirado pela última vez em 14 de fevereiro de 1904 ou 14 de fevereiro de 1905. O selo desbotado torna difícil ter certeza, mas uma forma circular fraca após o “190-” sugere a data posterior, disse Melo. Um carimbo de devolução anterior indica com clareza 10 de dezembro de 1903.

Em 30 de maio, a biblioteca foi contatada por Stewart Plein, curador de livros raros da biblioteca da West Virginia University, em Morgantown, no Estado de West Virginia. “Recebemos recentemente uma doação que incluía uma livro da sua biblioteca”, Plein escreveu em uma nota. “Não há nenhuma informação sobre retirada. Você gostaria que ele fosse devolvido para você?”

As bibliotecas marcam os livros como “retirados” para indicar que elas não são mais os possuidores da obra. A ausência de tal marca sugeriu a Plein que ainda pertencia à New Bedford Free Public Library. Ele enviou o livro de volta. Quem originalmente o retirou e onde ele esteve todos esses anos não foi imediatamente conhecido

O livro está em “ótima forma”, disse Melo. As palavras são legíveis. A lombada é resistente. “Foi muito bem cuidado”, disse Melo. “Quem teve esse livro durante todo esse tempo obviamente o tinha em uma sala controlada. Não estava sendo folheado.”

Diretora da Biblioteca Pública de New Bedford, olha o livro com mais de 100 anos de atraso. Foto: Peter Pereira/The Standard-Times via AP

O velho livro de mais de 140 anos não é o primeiro a encontrar o caminho de volta para seu dono depois de tantas décadas. No mês passado, uma cópia de “The Bounty Trilogy” de Charles Nordhoff e James Norman Hall, publicada em 1932, foi devolvida a uma biblioteca do Estado de Washington 81 anos depois de ter sido retirada, informou a CNN. Em 2021, uma cópia de “New Chronicles of Rebecca” de Kate Douglas Wiggin, ainda em estado “imaculado”, apareceu em uma biblioteca de Idaho após 110 anos.

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Quando “Um Tratado Elementar sobre Eletricidade” foi retirado, a Biblioteca Pública Gratuita de New Bedford cobrava uma taxa de US$ 0,01 para cada dia de atraso. Se essa taxa permanecesse sem limite, quem o pegou deveria cerca de US$ 430 (cerca de R$ 2,1 mil). Também sem limite, com a taxa de atraso atual de US$ 5 por dia, o saldo seria de mais de US$ 2.100 (R$ 10,2 mil). Mas as multas por atraso foram limitadas, décadas atrás, a US$ 2, para encorajar as pessoas a devolverem seus livros, disse Melo.

Embora o livro hoje não tenha um preço astronômico no mercado aberto — ele foi produzido em massa e uma cópia semelhante está listada para venda on-line por US$ 600 (R$ 2,9 mil) — “Um tratado elementar sobre eletricidade” tem valor sentimental e histórico, disse Melo. Na era digital, fala sobre o “valor da palavra impressa”, disse ela.

“Esse livro vai estar aqui daqui a 100 anos porque agora vamos continuar a preservá-lo e a cuidar dele”, disse Melo. “Para as gerações futuras, este livro estará aqui.”/The New York Times.

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