Três cenários de conflitos assombram o mundo: a guerra na Ucrânia, a perspectiva de anexação forçada de Taiwan pela China e o avanço do Irã rumo à bomba atômica. Os três estão interligados.
Nove meses depois da invasão, a Ucrânia está submetida à escuridão, ao frio e à falta de água, por causa dos bombardeios russos à infraestrutura de eletricidade.
Os ataques, a centenas de quilômetros do front, têm o objetivo de forçar a rendição ucraniana. Nesses nove meses, os ucranianos enfrentaram os maiores sofrimentos que um ser humano pode experimentar, incluindo bombardeios a hospitais, torturas, raptos de crianças, abusos sexuais e ameaças nucleares.
Tudo isso reforçou a determinação de não se render, expressa no lema “melhor sem eletricidade do que com a Rússia. As atrocidades russas tiveram o mesmo impacto sobre o Ocidente. Inflação causada pelas sanções e gastos crescentes com ajuda humanitária e militar não estão demovendo americanos, europeus e aliados asiáticos.
O governo americano anunciou na quarta-feira, 23, o 26.º pacote de ajuda militar à Ucrânia, de US$ 400 milhões. O total já soma US$ 19,7 bilhões. A Europa estuda a nona leva de sanções contra a Rússia e incrementa o envio de armas e ajuda à Ucrânia.
As forças ucranianas avançam nos dois frontes, sul e nordeste, nas províncias de Kherson e Kharkiv, respectivamente. As tropas russas continuam sofrendo com a falta de comando, capacidade tática, treinamento, equipamento e moral.
Dificuldades
Esse quadro sugere para os militares chineses e para o ditador Xi Jinping que o custo de tomar Taiwan seria alto. À diferença da fronteira seca entre Rússia e Ucrânia, a invasão envolve atravessar o Estreito de Taiwan. Desembarques anfíbios são sempre difíceis. E os taiwaneses demonstram a mesma disposição dos ucranianos de defender sua democracia e soberania.
É provável que Xi adie a aventura mais para perto do fim de seu terceiro mandato, em 2027.
Urânio
Já o Irã avança na direção da bomba nuclear. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, o país já dispõe de 62,3 kg de urânio enriquecido a 60%. A bomba de Hiroshima tinha 64 kg. O grau mínimo de enriquecimento para a bomba é de 90%, mas a aceleração é geométrica.
Na coluna de 28 de agosto, escrevi que o acordo nuclear com o Irã parecia próximo. Desde então, dois obstáculos surgiram: o fornecimento de drones iranianos para a Rússia e a repressão brutal aos protestos desencadeados pela morte da jovem curda Mahsa Amini.
Estados Unidos e Israel estão dispostos a impedir militarmente o Irã de adquirir a bomba. Esse parece ser o próximo conflito armado.
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