O ataque com drones a um bairro residencial de Moscou, na terça-feira, introduz questões de ordem moral, legal, militar e política na resposta ucraniana à agressão russa. Ele compõe os preparativos da contraofensiva ucraniana.
O único ataque a um alvo civil contra a Rússia atingiu o bairro de Rublyovka, apelidado de “Beverly Hills de Moscou”, com seus condomínios fechados de casas suntuosas. Lá vivem o ex-presidente e atual vice-conselheiro de Segurança Nacional, Dmitri Medvedev, e o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, além de oligarcas amigos de Putin. O complexo residencial do próprio ditador, Novo-Ogaryovo, fica próximo.
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Duas pessoas ficaram feridas e houve pequenos danos materiais, segundo o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin. Tecnicamente, é um ataque a alvo civil, o que viola as convenções internacionais. Por outro lado, é um alvo bastante específico, uma demonstração de capacidade de atingir a cleptocracia do regime.
Ataque ao Kremlin
Antes disso, no dia 6 de maio, a máquina de propaganda russa divulgou a imagem de um drone atingindo um mastro de bandeira na cúpula do Kremlin. Os demais ataques em território russo têm visado alvos militares, ainda que com efeitos colaterais sobre civis.
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Depois do ataque ao bairro moscovita, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, almirante John Kirby, reiterou que o governo americano não apoia ataques em solo russo. No mesmo dia, o Pentágono anunciou novo pacote de ajuda à Ucrânia, no valor de US$ 300 milhões, que inclui munição para drones.
O chanceler britânico, James Cleverly, e o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, disseram que os ucranianos estavam exercendo seu “legítimo direito à autodefesa”. O presidente francês, Emmanuel Macron, conclamou o Ocidente a oferecer “garantias de segurança tangíveis e críveis para a Ucrânia”, algo entre o que é assegurado a Israel e a adesão plena à Otan.
Apoio intacto
Como se vê, o ataque não afetou o apoio dos principais aliados da Ucrânia. Se houver outros ataques contra alvos civis russos, parte da superioridade moral da Ucrânia se perderá. Mas esses ataques trazem ganhos políticos e militares que podem abreviar a guerra.
Em Paris e Amsterdã, no mês passado, deparei com muitos turistas russos se divertindo e consumindo, enquanto os filhos de famílias pobres da Rússia morrem aos milhares na guerra. Tirar a elite russa de sua zona de conforto aumentará as pressões sobre Putin.
Além disso, esses ataques aumentam as demandas sobre os ativos militares russos, para proteger alvos política e socialmente sensíveis, no momento em que a Ucrânia prepara sua aguardada contraofensiva.