EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião | Os rumos da guerra na Ucrânia atrapalham plano de paz de Lula; leia a coluna de Lourival Sant’Anna

Seis fundamentos determinam o rumo da guerra; nenhum deles aponta hoje para um acordo

PUBLICIDADE

Foto do author Lourival Sant'Anna

Lula insiste em mediar um acordo de paz na Ucrânia em parceria com China, Índia e Indonésia. Diz que conversou sobre isso com Vladimir Putin e Xi Jinping.

Seis fundamentos determinam o rumo da guerra. Nenhum deles aponta hoje para um acordo, menos ainda mediado por esses países.

Fator militar

PUBLICIDADE

A Ucrânia vive o melhor momento, com chances de recuperar território invadido. As disputas entre o grupo mercenário Wagner e as Forças Armadas russas se aprofundaram.

O dono do grupo, Yevgeny Prigozhin, anunciou sua retirada da recém-tomada Bakhmut. Isso aumenta as demandas sobre os ineficazes militares russos, no momento em que os ucranianos lançam uma contra-ofensiva.

Fator psicossocial

Depois dos crimes de guerra cometidos pelos russos, o povo ucraniano não tem disposição de ceder nada.

Publicidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante sessão de trabalho do G-7 em Hiroshima, no Japão  Foto: RICARDO STUCKERT / Presidência/Divulgação

Fator histórico

Gerações de ucranianos amargaram atrocidades dos russos. Os europeus já experimentaram ceder território para uma potência expansionista, a Alemanha nazista.

Fator econômico

O preço da energia está caindo e, com ele, as pressões inflacionárias. O G-7 acaba de garantir a continuidade da ajuda “pelo tempo que for necessário”.

Fator político

As tensões na Rússia se agravam. Prigozhin advertiu que as mortes em massa de recrutas de famílias pobres enquanto a elite continua na boa vida estão produzindo uma divisão como a que levou à Revolução de 1917.

Prigozhin conhece os sentimentos dos desprivilegiados e de Putin: ele foi ladrão, serviu 13 anos na prisão, vendedor de cachorro-quente, fornecedor de banquetes e amigo íntimo do ditador. Acuado, Putin tem menos condições ainda de recuar e escancarar a gratuidade dessa guerra.

A esperança dele é a volta de Donald Trump, que admira o ditador russo, questionou a aliança com a Otan e diz que poria fim à guerra em 24 horas. Para reacender o “bromance”, Putin impôs sanções ao policial que matou uma invasora do Capitólio, à procuradora-geral de Nova York que investiga Trump por fraude e ao secretário de Estado da Geórgia que se negou a “encontrar” 11 mil votos para ele, entre outros.

Publicidade

Fator geopolítico

A China não aceita uma derrota da Rússia porque essa guerra ganhou conteúdo de disputa entre democracias e autocracias, Ocidente Coletivo e Sul Global, que Xi pretende liderar. A instabilidade causada por eventual queda de Putin assusta Xi.

China e Índia não podem mediar porque são aliadas da Rússia. Brasil e Indonésia não têm poder para garantir o cumprimento de acordos. Lula conseguiu trazer a COP30. Deveria se concentrar na diplomacia ambiental. Nela, o Brasil é relevante.

É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.