PUBLICIDADE

Lula afirma que presença de Putin seria importante na Cúpula do Brics

Em entrevista a jornal sul-africano, presidente brasileiro afirmou que o bloco irá falar de temas que deveriam ser tratados com o mandatário russo, que não irá presencialmente ao encontro

PUBLICIDADE

Foto do author Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a presença do presidente da Rússia, Vladimir Putin, seria muito importante na Cúpula do Brics, que será realizada em Durban, África do Sul, entre os dias 22 a 24 de agosto.

PUBLICIDADE

Em entrevista ao jornal sul-africano Sunday Times, o presidente brasileiro apontou que a reunião irá tratar de assuntos essenciais para o bloco como a luta contra a desigualdade e paz no mundo, o que exigiria a presença de todos os mandatários dos países.

Esta será a primeira reunião do Brics a acontecer de forma presencial após a Rússia invadir a Ucrânia. Para evitar constrangimentos, Putin não irá comparecer de forma presencial ao evento. Ele será substituído pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversa com o presidente da Rússia, Vladimir Putin  Foto: DIDA SAMPAIO / AE

Caso Putin viajasse a Johannesburgo, o país anfitrião seria obrigado a prender o presidente russo por conta do mandato de prisão expedido contra ele pelo TPI (Tribunal Penal Internacional). A África do Sul é signatária do Estatuto de Roma, que criou o TPI.

“Lavrov é um diplomata muito importante, mas seria essencial que a Rússia participasse desse encontro com o seu presidente. Nós vamos discutir temas globais como a paz e a luta contra a desigualdade e eu gostaria muito de discuti-los pessoalmente com o presidente Putin”, apontou o petista ao jornal sul-africano.

Novos membros

Segundo o embaixador da África do Sul para a Ásia e o Brics, Anil Sooklal, o bloco recebeu 22 pedidos de admissão, que contam com o patrocínio da China, principal interessada na expansão do Brics com o objetivo de ampliar a sua influência global e reforçar a liderança do grupo.

Em artigo publicado no Estadão, o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) e ex-embaixador do Brasil em Londres (1994-1999) e Washington (1999-2004), Rubens Barbosa, afirmou que a expansão do bloco prejudicaria o Brasil.

Publicidade

“O Brasil é o único país do Brics com padrão de votação diferenciado na questão da Ucrânia. Num clube de dez ou quinze membros que votam exatamente como a China e Rússia em questões como direitos humanos, democracia e a guerra na Ucrânia, o Brasil vai ficar ainda mais isolado dentro do grupo”, sinalizou o diplomata. “Caso haja incorporação desse grande número de países, não restará ao Brasil alternativa senão deixar o grupo para manter sua posição de independência e afirmar uma posição de liderança no Sul”, acrescentou Barbosa.

Países como Arábia Saudita, Argentina, Cuba, Venezuela e Irã já manifestaram interesse em entrar no Brics.

Moeda

Lula também já mencionou diversas vezes a possibilidade de o bloco criar uma moeda do Brics, O presidente brasileiro tem insistido em reduzir a dependência do dólar em transações comerciais.

Contudo, mesmo membros do Brics questionam se a ideia é possível. A Rússia já alegou que acredita que uma moeda do bloco não poderia ser implementada no curto prazo.

PUBLICIDADE

“Muitos países estão trilhando o caminho de usar moedas nacionais em acordos. Certamente, há discussões em andamento sobre a possibilidade e viabilidade de introduzir determinados processos de integração. [...] Isso dificilmente poderá ser implementado no curto prazo”, disse o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov sobre a proposta defendida pelo Brasil.

Os dois temas constam na agenda do retiro de líderes em Johannesburgo, na noite do dia 22, e a expectativa do governo brasileiro é que os líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul deliberem.

Lula afirmou que tem a expectativa de que as discussões e decisões tomadas na 15ª Cúpula do BRICS tenham impacto em outros fóruns multilaterais, como a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o G20, em Nova Délhi, e a Cúpula do Clima (COP28), em Dubai.

Publicidade

Lula também apresentou sua pauta com discussões sobre renda, raça e gênero, combate à fome e mudanças climáticas, além de uma nova governança global, mais justa e equilibrada.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.