Lula diz que vai esperar conclusão de legistas para falar sobre morte de Navalni, opositor de Putin

O presidente brasileiro afirmou que não havia se pronunciado por uma questão de ‘bom senso’ porque a morte está sendo investigada e questionou as acusações de países ocidentais que alegam que Putin é o responsável pela morte de Navalni.

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Por Redação
Atualização:

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou neste domingo, 18, durante entrevista coletiva em Adis Abeba, na Etiópia, que deve esperar os exames médicos legistas para emitir uma declaração mais longa sobre a morte de Alexei Navalni, principal opositor do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Navalni morreu na sexta-feira, 16, em uma prisão no Ártico russo após se sentir mal durante uma caminhada.

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Lula demorou dois dias para se pronunciar pela primeira vez após a morte do opositor russo. Ele afirmou que não havia se pronunciado por uma questão de “bom senso” porque a morte está sendo investigada. “Vamos acreditar que os médicos legistas vão dizer para fazer um julgamento. Se não você julga agora que foi alguém que mandou matar e não foi, depois você vai pedir desculpas?”, disse.

O presidente brasileiro também questionou as acusações de países ocidentais que alegam que Putin é o responsável pela morte de Navalni. “O cidadão morreu na prisão, não sei se estava doente, se tem algum problema. Eu compreendo os interesses de quem acusa imediatamente, mas espero que o legista indique do que o cidadão morreu”, afirmou Lula.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa na cerimonia de abertura da reunião da União Africana  Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Morte de Navalni

O líder da oposição russa Alexei Navalni morreu na prisão na sexta-feira, 16. Navalni estava preso em uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, e pouco se sabia sobre o seu exato estado de saúde. O russo liderava havia mais de 10 anos a dissidência contra o presidente, Vladimir Putin, e já tinha sofrido um envenenamento em 2021.

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Sua morte foi anunciada pelo Serviço Prisional Russo. Ele foi visto pela última vez na quinta-feira, quando apareceu em uma audiência judicial rindo e fazendo piadas. Segundo as autoridades penitenciárias, ele desmaiou enquanto caminhava. Ele estava cumprindo várias sentenças que provavelmente o manteriam na prisão até pelo menos 2031 por acusações que, segundo seus apoiadores, foram em grande parte fabricadas em um esforço para amordaçá-lo. Apesar das condições cada vez mais severas, incluindo repetidos períodos em confinamento solitário, ele manteve sua presença nas mídias sociais, enquanto membros de sua equipe continuaram a publicar investigações sobre a elite corrupta da Rússia a partir do exílio.

Navalni recebeu uma sentença de três anos e meio de prisão em fevereiro de 2021, após retornar da Alemanha para a Rússia, onde estava se recuperando de ter sido envenenado com um agente nervoso em agosto anterior. Em março de 2022, ele recebeu uma sentença de nove anos por desvio de fundos e fraude em um julgamento marcado por denúncias de fraude. E em agosto de 2023, ele foi condenado a 19 anos de prisão por “extremismo”.

Lula e Putin

O presidente Lula tem uma relação de longa data com o mandatário russo e Brasil e Rússia são parceiros no grupo dos Brics. No ano passado, em diversas ocasiões, o presidente brasileiro tentou se posicionar como um intermediário para negociações entre Rússia e Ucrânia para acabar com a guerra, mas diversas declarações sobre o conflito que foram mais alinhadas com Moscou minaram a tentativa de mediação.

O brasileiro também se envolveu em polemica quando afirmou que Putin poderia viajar para o Brasil sem medo de ser preso na próxima reunião do G-20, marcada para novembro no Rio de Janeiro. Contudo, o Brasil é signatário do Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu em março de 2023 um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra por causa de seu suposto envolvimento em sequestros e deportação de crianças de partes da Ucrânia ocupadas pela Rússia durante a guerra. Com isso, o País teria que prender o presidente russo caso ele desembarcasse em território brasileiro.

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Brasília, durante o primeiro mandato de Lula em 2004  Foto: Joedson Alves/AE
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