Lula conversa com Maduro e defende a presença de observadores nas eleições da Venezuela

Em nota, Palácio do Planalto diz que o presidente reiterou o apoio brasileiro aos acordos de Barbados, que traças as linhas para eleições livres e justas no país em 28 de julho

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Por Redação

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, por telefone nesta quarta-feira, 5, segundo o Palácio do Planalto. Na conversa, Lula disse ter reiterado o apoio brasileiro aos acordos de Barbados, que prevê a realização de eleições livres e justas no país em 28 de julho e o reconhecimento do resultado por parte da ditadura chavista. O brasileiro também defendeu a presença de observadores internacionais em meio a novos entraves do regime chavista.

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“[Lula] também manifestou a expectativa de que as sanções em vigor contra a Venezuela possam ser levantadas, de modo a contribuir para que o processo eleitoral possa seguir adiante em clima de confiança e entendimento”, diz a nota divulgada pelo Palácio do Planalto.

Os acordos de Barbados foram negociados entre o regime venezuelano e opositores, com mediação internacional, para a realização da eleição no país, marcada para 28 de julho. A ditadura chavista, porém, tem criado obstáculos para a participação dos opositores na disputa, incluindo a inabilitação da líder nas pesquisas, a opositora María Corina Machado. Ela foi substituída pelo diplomata Edmundo González Urrutia.

Lula tem atuado desde o início do atual mandato para reabilitar a ditadura chavista politicamente na região, com convites a cúpulas regionais. Apesar disso, as ameaças recentes da Venezuela à Guiana, e as ações contra a oposição, provocaram críticas públicas do governo brasileiro.

Presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião bilateral com Nicolas Maduro da Venezuela Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Nas últimas semanas, a ditadura chavista também tem imposto travas para a participação de observadores independentes da União Europeia na disputa. No mês passado, a autoridade eleitoral da Venezuela anunciou que retirou o seu convite feito à União Europeia (UE) para observar as eleições, depois que o bloco ratificou sanções contra funcionários do governo de Nicolás Maduro.

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Em meados de maio, a UE ratificou sanções contra 50 funcionários, embora tenha removido temporariamente a de Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O porta-voz do serviço diplomático da UE, Peter Stano, declarou que a decisão de suspender as sanções a Amoroso reafirmava o “compromisso e apoio [desta instituição] ao bom progresso do processo eleitoral” e buscava “fortalecer os esforços venezuelanos” para as eleições. Amoroso, porém, minimizou a medida chamando-a de “chantagem”.

A oposição venezuelana recebeu com otimismo os posicionamentos de Lula e Gustavo Petro, da Colômbia, sobre as eleições no país. Os dois presidentes, que são aliados de Maduro, fizeram críticas inéditas ao regime depois do impedimento não explicado da candidatura de Corina Yoris, que deveria substituir Corina Machado nas urnas.

Oposição pediu ajuda de Lula

Maduro tentará um terceiro mandato que o projetaria a 18 anos no poder. Seu principal adversário é Edmundo González Urrutia, designado pela principal aliança opositora, a Plataforma Unitária, em representação María Corina Machado. Um dos maiores partidos políticos da oposição, Vontade Popular, rechaçou em uma nota a decisão do CNE de desconvidar a UE, por considerar que “atenta” contra “eleições transparentes e confiáveis”.

A organização pediu aos presidentes dos vizinhos Colômbia e Brasil e à comunidade internacional para “ativar qualquer mecanismo diplomático que permita reverter essa medida perigosa”

Em março, o CNE também convidou o Centro Carter, o grupo Brics, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a Comunidade do Caribe (Caricom) e a União Africana para acompanhar as eleições. Na terça-feira, Amoroso ratificou “a convocatória ampla”, com exceção do bloco europeu.

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