Lula conversa com Putin por telefone e recusa convite para visitar a Rússia

Presidente brasileiro disse ter agradecido o convite para ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo e reiterou ‘disposição de conversar com ambos os lados do conflito’

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Por Redação
Atualização:

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 26, que conversou com o presidente russo, Vladimir Putin, por telefone e teria recusado um convite para visitar a Rússia. A conversa ocorre dias após a viagem de Lula ao G-7 onde não se reuniu com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski.

“Conversei agora por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin”, escreveu no Twitter. “Agradeci a um convite para ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, e respondi que não posso ir a Rússia nesse momento, mas reiterei a disposição do Brasil, junto com a Índia, Indonésia e China, de conversar com ambos os lados do conflito em busca da paz.”

Moscou confirmou a ligação e disse que “Lula expôs sua visão sobre possíveis esforços de mediação em busca de formas de resolver o conflito na Ucrânia”. O comunicado publicado após a ligação acrescenta que o brasileiro compartilhou com Putin suas impressões sobre a recente cúpula do G-7.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Andre Penner/AP

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“Por sua vez, Putin reforçou a disposição aberta da Rússia ao diálogo político-diplomático, que está atualmente bloqueado por Kiev e seus patrocinadores ocidentais”, continuou.

Ainda de acordo com o comunicado, os dois líderes também discutiram questões da agenda bilateral e seu trabalho conjunto no âmbito do Brics, cuja cúpula na África do Sul em agosto poderá contar com a presença de ambos.

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Putin comentou que interrompeu sua participação em um encontro com representantes do mundo empresarial russo para falar com seu homólogo brasileiro. Em seguida, ressaltou que o Brasil é o principal parceiro econômico e comercial da Rússia na América Latina, embora tenha admitido que as trocas diminuíram “um pouco” nos últimos tempos.

“Vamos corrigir a situação como já fazemos com outros países e regiões do mundo. Aqui a saída é simples: passar as contas para moedas nacionais”, sugeriu o presidente russo durante o encontro com empresários.

O presidente russo, Vladimir Putin Foto: Mikhail Klimentyev/Sputnik/Kremlin via AP

Desencontro com Zelenski no G-7

Nos últimos meses, o presidente defendeu a necessidade de acabar com as hostilidades entre Rússia e Ucrânia e propôs a criação de um grupo de países neutros para atuar como mediadores entre os dois lados.

Depois de comentários polêmicos sobre a guerra na Ucrânia, em que atribuiu culpa a ambos os lados do conflito, Lula conversou com Zelenski pela primeira vez por telefone.

Em abril, o Brasil recebeu o ministro russo das relações Exteriores, Serguei Lavrov, dias depois de enviar o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, para Moscou onde se encontrou com Putin. Tanto a viagem de Amorim quanto declarações recentes de Lula sobre o conflito geraram críticas por parte da Ucrânia.

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No início deste mês, Amorim viajou à Ucrânia onde se encontrou com Zelenski. Dias depois, o governo deu aval ao nome indicado pelo presidente ucraniano como novo embaixador do país em Brasília. O atual vice-chanceler Andrri Melnik assumirá a função.

Na semana passada, Lula viajou a Hiroshima no Japão para participar como convidado da cúpula do G-7, onde a guerra na Ucrânia era um dos temas principais de debate, junto com a influência chinesa. Lula na ocasião disse que viajava à cúpula com o objetivo de entregar uma mensagem de paz e propôs que a guerra fosse abordada no âmbito do Conselho de Segurança da ONU.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, durante sua participação no G-7  Foto: Louise Delmotte/EPA/EFE

Índia e Indonésia, outros dois países neutros no conflito, também foram convidados. Zelenski então viajou para o Japão no fim de semana e pediu um encontro com o brasileiro, o que não aconteceu. Segundo Lula, houve um desencontro entre ele e o ucraniano que teria o deixando esperando no hotel. “Se ele teve um encontro mais importante, eu não sei. O dado concreto é que estava marcado neste salão [do hotel em Hiroshima] às 15h15″, disse no domingo, 21, último dia da cúpula do G-7.

Ele disse ter ficado chateado com o desencontro, mas também afirmou que não fazia muito sentido se reunir com Zelenski em um momento em que nem o mandatário ucraniano nem Putin dão sinais de querer a paz.
“Estou pronto para ir à Rússia, para ir à Ucrânia, para ir ao fim do mundo para discutir o fim dessa guerra. Agora não, porque eles não querem. Paz só é possível se os dois quiserem”, disse na ocasião. “Não é possível discutir em guerra, queremos que primeiro parem os ataques”.

Zelenski corroborou a versão do governo brasileiro e afirmou que ele e Lula não se encontraram por problemas de agenda. “Encontrei todos os líderes. Quase todos. Todos têm suas agendas próprias. Acho que é por isso que não pudemos encontrar o presidente do Brasil”, declarou o presidente ucraniano./Com AFP e EFE

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