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Lula diz a Biden que Brasil acompanha eleições e trabalha por ‘normalização’ na Venezuela

Presidentes do Brasil e Estados Unidos discutiram a crise em conversa por telefone nesta terça-feira

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Por Redação
Atualização:

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden, dos Estados Unidos, cobraram a divulgação das atas que comprovariam os resultados ao discutir a contestada eleição na Venezuela, vencida pelo ditador Nicolás Maduro sob suspeita de fraude nesta terça-feira, 30.

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De acordo com o Planalto, Lula destacou o envio do assessor especial Celso Amorim ao dizer que o Brasil acompanha a situação e trabalha pela “normalização” no país vizinho. Na conversa, que durou cerca de 30 minutos, ele disse ainda que é fundamental a divulgação das atas — documentos que são extraídos das urnas e comprovariam o resultado das eleições — o que Biden concordou, segundo relato divulgado pelo governo brasileiro.

“Sobre Venezuela, Lula observou que tem mantido acompanhamento permanente do processo eleitoral por meio de seu Assessor Especial, Celso Amorim, enviado a Caracas. Informou que Amorim esteve com Nicolás Maduro e Edmundo González Urrutia e reiterou a posição do Brasil de seguir trabalhando pela normalização do processo político no país vizinho, que terá efeitos positivos para toda a região”, diz a nota.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa em Brasília. Foto: Eraldo Peres/Associated Press

A necessidade de divulgação da atas também foi destacada pela Casa Branca em comunicado sobre a conversa. “O Presidente Biden agradeceu ao Presidente Lula por sua liderança na Venezuela. Os dois líderes concordaram com a necessidade da divulgação imediata de dados completos, transparentes e detalhados sobre a votação nas seções eleitorais pelas autoridades eleitorais venezuelanas”, afirma a nota.

“Os dois líderes compartilharam a perspectiva de que o resultado da eleição venezuelana representa um momento crítico para a democracia no hemisfério e se comprometeram a permanecer em estreita coordenação sobre a questão.

Segundo apurou a Coluna do Estadão, a ligação foi um pedido da Casa Branca, que tem o Brasil como seu principal interlocutor na América do Sul. Washington, no entanto, tem adotado um tom mais firme que Brasília com Caracas.

Nesta terça, o presidente Lula disse que “não tem nada grave” ou “nada de anormal” nas eleições da Venezuela. Em entrevista à TV Centro América, ele condicionou o reconhecimento dos resultados à divulgação das atas, mas descreveu o processo como “tranquilo”, apesar das denúncias de fraude eleitoral.

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“Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre oposição e situação, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça andar o processo. E aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo”, disse o presidente, desconsiderando que o chavismo controla a Justiça na Venezuela.

A Casa Branca, por outro lado, sinalizou que vê indícios de irregularidades ao cobrar a Venezuela pela divulgação das atas. “Isso é especialmente crítico, dado que há sinais claros de que os resultados eleitorais anunciados pelo Conselho Eleitoral Nacional da Venezuela não refletem a vontade do povo venezuelano, conforme expressa nas urnas em 28 de julho”, disse a porta-voz do Conselho Nacional de Segurança Adrienne Watson em nota divulgada hoje.

Também nesta terça-feira, o governo americano condenou a repressão aos protestos contra o resultado da eleição na Venezuela. Pelo menos 11 pessoas morreram e mais de 700 foram detidas.

“Qualquer repressão política ou violência contra manifestantes ou opositores é obviamente inaceitável”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. “Os Estados Unidos apoiam as aspirações democráticas do povo venezuelano e o seu direito de expressar livremente suas opiniões.”

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Os protestos foram convocados pela líder opositora María Coria Machada, que afirma ter provas de fraude eleitoral. O Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, declarou vitória do ditador Nicolás Maduro com 51,2% dos votos e culpa um “ataque hacker” pela demora na divulgação das atas. A oposição, por sua vez, afirma que teve acesso a cópias de 70% das atas que projetavam vitória do seu candidato, Edmundo González Urritia.

Leia nota do governo brasileiro na íntegra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, 30 de julho, telefonema do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para tratar de temas bilaterais, multilaterais e sobre a situação na Venezuela. A conversa durou cerca de meia hora. Biden agradeceu pelo trabalho conjunto na Parceria pelo Direito dos Trabalhadores e na área de transição energética.

Biden confirmou presença na Cúpula do G20 em novembro no Rio de Janeiro e desejou sucesso à presidência brasileira à frente do grupo.

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Sobre Venezuela, Lula observou que tem mantido acompanhamento permanente do processo eleitoral por meio de seu Assessor Especial, Celso Amorim, enviado a Caracas. Informou que Amorim esteve com Nicolás Maduro e Edmundo González Urrutia e reiterou a posição do Brasil de seguir trabalhando pela normalização do processo político no país vizinho, que terá efeitos positivos para toda a região. Lula reiterou que é fundamental a publicação das atas eleitorais do pleito ocorrido no último domingo. Biden concordou com a importância das divulgações das atas.

O presidente Biden mencionou que as economias dos dois países estão indo bem e que a parceria entre Brasil e EUA deve continuar a crescer.

Lula convidou Biden para participar de reunião dos países democráticos contra o extremismo, que será realizada em setembro próximo, em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU.

Ao finalizar a ligação, o presidente brasileiro cumprimentou Biden pela “magnânima” decisão quanto ao processo eleitoral americano e desejou sucesso para a democracia do país nas eleições presidenciais em novembro.

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