PUBLICIDADE

Lula diz que ainda precisa se informar melhor sobre ‘tamanho da rebelião’ na Rússia

Antes de decolar de volta ao Brasil, presidente diz que precisa ter conversas para saber a dimensão do motim

PUBLICIDADE

Foto do author Felipe Frazão
Atualização:

PARIS - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esquivou-se de comentar neste sábado, 24, a situação interna na Rússia, depois que o grupo de mercenários Wagner, que atuava na guerra na Ucrânia a favor de Moscou, se rebelou contra o governo Vladimir Putin. Lula disse antes de decolar de volta ao Brasil que precisa ter algumas conversas para saber a dimensão do motim.

PUBLICIDADE

O motivo foi descrito por generais russos como “golpe de Estado” e causou o risco de uma guerra civil, na avaliação das autoridades. Após um cessar-fogo mediado pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, na tarde deste sábado, o chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prigozhin, declarou o fim do motim e ordenou o retorno das tropas à Ucrânia.

As declarações do presidente brasileiro foram dadas antes do cessar-fogo mediado por Lukashenko e o anúncio de Prighozhin. “Eu não sei o tamanho da rebelião. Eu vou conversar com muita gente a respeito dessa chamada rebelião”, Lula no hotel onde se hospedou em Paris.

Lula fala com jornalistas em paris antes de voltar ao Brasil Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

O presidente foi questionado de forma insistente por jornalistas brasileiros e franceses sobre o tema, mas disse que não iria se precipitar.

“Lamentavelmente não posso falar porque não tenho as informações necessárias. Quando eu chegar ao Brasil e me informar sobre o que aconteceu posso falar, agora ouvi dizer, não tenho informação. Pretendo não falar de uma coisa tão sensível sem ter as informações necessária”, disse Lula.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou ao Estadão que o presidente ainda aguarda informações da embaixada em Moscou, antes de fazer contatos diretos com o governo russo.

Entenda

Prigozhin acusou nesta sexta-feira, 23, os militares russos de atacar os acampamentos de seus combatentes – uma informação que não pôde ser verificada de forma independente. E também descreveu a invasão da Ucrânia como uma “farsa” perpetrada por uma elite russa corrupta.

Publicidade

O líder do grupo mercenário afirmou que todo o seu batalhão estaria se preparando para uma ofensiva contra o ministério da Defesa da Rússia, embora tenha dito que não se tratava de um “golpe militar”. Imagens de vídeo mostraram veículos blindados do exército russo na cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, perto da linha de frente da guerra na Ucrânia, onde os combatentes de Prigozhin estavam operando.

Logo depois, Prigozhin publicou um vídeo em um dos quartéis de Rostov afirmando ter assumido o controle das instalações militares locais. Ele garantiu que as aeronaves militares envolvidas na ofensiva russa na Ucrânia “decolam normalmente” do local para realizar suas “tarefas de combate”, afirmando que não atrapalham as operações.

Ao longo do sábado, governadores locais, membros do Kremlin e deputados russos declararam lealdade a Putin. Nenhuma figura proeminente declarou apoio ao chefe do grupo Wagner. Lukashenko, presidente de Belarus, disse mediar um cessar-fogo e a crise entre o grupo paramilitar e as Forças Armadas da Rússia diminuiu. Prigozhin anunciou o fim da marcha a Moscou e o retorno das suas tropas à Ucrânia.

Não está claro o tamanho do território que o Grupo Wagner chegou a ocupar. Mas o motim representa a ameaça mais grave ao poder do presidente russo desde que ele chegou ao Kremlin, em 1999, e acontece no momento em que suas tropas lidam com uma contraofensiva da Ucrânia na guerra.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.