BRASÍLIA - O presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Joe Biden, conversaram por telefone nesta quarta-feira, dia 16, sobre a crise climática, incêndios florestais no Havaí e iniciativas conjuntas relacionadas ao tema do trabalho para a Assembleia Geral das Nações Unidas e a Cúpula do G20, na Índia.
Lula manifestou solidariedade por causa dos incêndios florestais no Havaí, segundo Biden os piores da história dos EUA. A Casa Branca classificou os incêndios como “mortais” e disse que houve “perda devastadora de vidas e terras” na ilha. Biden viaja na próxima segunda-feira, dia 21, a Maui, para acompanhar a resposta aos incêndios, conversar com sobreviventes e vistoriar o trabalho de socorro a vítimas.
Segundo o Palácio do Planalto, a chamada telefônica durou 30 minutos. A Casa Branca informou que eles também trataram de temas regionais e se comprometeram a manter contato a respeito das crises políticas e sociais na Venezuela e no Haiti, sem detalhes. Os EUA querem mais envolvimento do Brasil nos dois casos.
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O telefonema ocorreu a uma semana de Lula participar da 15ª Cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No encontro em Johannesburgo, o presidente Lula planeja discutir novamente com os demais líderes políticos do Brics a criação de uma unidade monetária comum alterativa ao dólar, voltada para realização de transações internacionais.
A expectativa brasileira é que os líderes dos países tomem alguma decisão formal sobre a proposta do petista. Lula vai amplificar a contestação que passou a fazer de forma recorrente à dominância da moeda norte-americana. O assunto desagrada Washington, e vai de encontro aos desejos de Pequim e Moscou.
O presidente russo, Vladimir Putin, participará da cúpula por videoconferência e deve discutir com os demais líderes, durante um retiro, os desenvolvimentos da guerra travada na Ucrânia.
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Clima
A Presidência da República informou que Lula relatou a Biden detalhes das climáticas regionais realizadas na da Cúpula da Amazônia, em Belém, na semana passada. Segundo o governo brasileiro, “Biden disse concordar ‘em 100%’ com as preocupações manifestadas por Lula, reconheceu as responsabilidades dos países desenvolvidos e a necessidade de apoiar os países em desenvolvimento a lidar com os efeitos da crise climática”.
O governo Lula informou também que Biden reconheceu o protagonismo brasileiro no tema ambiental e relembrou sua promessa de doar U$ 500 milhões ao Fundo Amazônia. O petista, por sua vez, voltou a dizer que pretende transformar o Brasil em exemplo mundial em transição energética e preservação ambiental.
Segundo a Casa Branca, ambos falaram longamente sobre a cooperação climática e preparativos para a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP28), nos Emirados Árabes Unidos. O governo dos EUA também mencionou, além da contribuição ao Fundo Amazônia, ao longo de cinco anos, “esforços contínuos para ajudar a mobilizar até US$ 1 bilhão para apoiar a restauração de terras degradadas no Brasil e na região amazônica por meio da US International Development Finance Corporation”.
Washington planeja despachar ao Brasil em setembro uma missão de “comércio verde” a fim de promover investimentos em florestas, uso da terra e energia.
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OIT
Lula e Biden conversaram sobre uma iniciativa conjunta que pretendem lançar na Assembleia Geral das Nações Unidas, a ser realizada em Nova York, em setembro. Eles devem propor questões relacionadas ao “avanço do trabalho decente na economia do século XXI” e convidar sindicalistas e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A iniciativa tem por objetivo promover e proteger os direitos dos trabalhadores e promover prosperidade inclusiva.
“É a primeira vez que trato com um presidente interessado nos trabalhadores”, disse Lula. “Suas políticas e discursos sobre o mundo do trabalho soam como música para os meus ouvidos e certamente juntos poderemos inspirar outros governantes a olhar para as questões dos trabalhadores”.
O Palácio do Planalto disse que Lula voltou a convidar Biden a visitar o Brasil ano que vem e sugeriu que ele visite um Estado amazônico.