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Lula fala com presidente de Israel sobre reféns latino-americanos do Hamas após críticas à guerra

Isaac Herzog telefonou ao presidente brasileiro, que se comprometeu com o combate ao antissemitismo após críticas da comunidade judaica brasileira

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Por Redação
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta quinta-feira, 16, com o presidente de Israel, Isaac Herzog, sobre a “libertação” dos reféns sequestrados pelo grupo terrorista Hamas e sua preocupação com a crise humanitária em Gaza, após as críticas do petista aos bombardeios israelenses.

Durante o telefonema de 40 minutos, Lula repudiou atos antissemitas e se comprometeu a combatê-los.

Em uma série de declarações esta semana, Lula acusou Israel de cometer “vários atos de terrorismo”, ao matar “crianças” e “inocentes” nos bombardeios, “sem nenhum critério”.

Presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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“A solução do Estado de Israel é tão grave quanto foi o ato do Hamas”, afirmou o presidente, desencadeando uma série de críticas da comunidade judaica no Brasil.

Depois dos últimos pronunciamentos de Lula, o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, defendeu na quarta-feira, 16, mais equilíbrio nas declarações do petista e pediu um encontro com ele.

“Devemos nos esforçar para não importarmos o trágico conflito do Oriente Médio para o cenário já tão polarizado do Brasil. Por isso, gostaríamos de ver mais equilíbrio no posicionamento do governo brasileiro.

O presidente da república pode ter suas simpatias e preferências nesta guerra. Mas é errado equiparar as ações de uma democracia como Israel com as ações do grupo terrorista Hamas, que massacrou barbaramente 1.200 civis, de várias nacionalidades, inclusive cidadãos brasileiros. E ainda mantém centenas de pessoas sequestradas e se esconde covardemente atrás da população civil de Gaza, usada como escudo humano”, disse Lottenberg ao Estadão.

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“Quando o governo brasileiro demoniza Israel, pode inflamar seus milhões de apoiadores. Isso pouco depois de as autoridades terem desbaratado um plano terrorista do Hizbollah contra alvos judaicos brasileiros. Estamos aguardando uma oportunidade de sermos recebidos pelo presidente pra podermos expressas essas nossas preocupações a ele”, acrescentou.

Outras entidades como o Instituto Brasil Israel e a ONG StandWithUs Brasil também criticaram o presidente.

Entidade judaica elogia conversa

A Conib saudou a conversa entre Lula e Herzog e as declarações do presidente brasileiro sobre o combate ao antissemitismo no País. “A Conib defende maior equilíbrio na posição do governo brasileiro e tem manifestado a grande preocupação da comunidade judaica com a importação do trágico conflito do Oriente Médio ao Brasil, com o aumento da retórica antijudaica no nosso país”, apontou a entidade que representa a comunidade judaica no Brasil.

“As relações bilaterais entre Brasil e Israel são profundas e devem ser nutridas, principalmente em momentos como este”, completa a Conib.

Esta é a segunda vez que os presidentes falam diretamente em pouco mais de um mês. Em 12 de outubro, Lula e Herzog conversaram sobre a possibilidade de abertura de um corredor humanitário em Gaza.

“Conversei com o presidente de Israel, Isaac Herzog, sobre a libertação de reféns do Hamas e da repatriação de brasileiros da Faixa de Gaza”, confirmou Lula na rede X, antigo Twitter.

Lula também manifestou sua “grande preocupação com a gravíssima crise humanitária em Gaza e consternação com a perda de vidas, em particular de crianças”, indicou o Palácio do Planalto em um comunicado.

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Israelenses protestam pela volta dos reféns capturados pelo grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza  Foto: Ahmad Gharabli/AFP

Segundo a nota, Lula se comprometeu com o pedido de Herzog para “reforçar o apelo” pela libertação dos reféns sequestrados pelo grupo terrorista Hamas e lembrou que teve conversas nesse sentido com vários líderes do Oriente Médio, entre eles de Irã, Emirados Árabes, Turquia, Catar, Egito e Autoridade Palestina.

O último conflito no Oriente Médio começou em 7 de outubro, quando, vindos da Faixa de Gaza, combatentes do Hamas atacaram o sul de Israel. Os membros do Hamas mataram 1.200 pessoas no ataque, a maioria civis, e sequestraram outras 240, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel iniciou uma campanha de bombardeios diários contra Gaza. A ofensiva já matou mais de 11.500 palestinos, incluindo mais de 4.700 crianças, segundo o Ministério da Saúde deste território, governado pelo Hamas.

Lula reiterou que “continua convencido” da importância de uma solução de dois Estados, “com Israel e Palestina vivendo lado a lado, com fronteiras seguras e mutuamente aceitas”.

O tom da conversa foi “muito amigável”, disse à AFP uma fonte do Planalto.

Lula também agradeceu o apoio das autoridades israelenses para a repatriação de 22 brasileiros e uma dezena de seus parentes na Faixa de Gaza. O presidente também indicou que uma nova lista de brasileiros e seus familiares palestinos está sendo preparada para que voltem ao Brasil.

Lula ouviu o compromisso de Herzog de que “todos os esforços” serão feitos para o retorno oportuno dos cidadãos brasileiros, acrescenta a nota. /Com AFP

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