Lula recusa convite de cúpula e sugere que Putin e Zelenski gostam da guerra por não negociarem paz

A presidente da Suíça, Viola Amherd, foi ao hotel onde Lula se hospeda em Genebra levar convite ao petistas, mas ele rejeitou mais uma vez com argumento de que os russos deveriam estar presentes

PUBLICIDADE

Foto do author Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou nesta quinta-feira, dia 13, um novo apelo do governo da Suíça para que participasse de uma conferência de paz patrocinada pela Ucrânia, neste fim de semana, em solo suíço. O Palácio do Planalto informou que Lula recebeu o convite da presidente da Suíça, Viola Amherd, com quem se reuniu em Genebra, mas o recusou.

PUBLICIDADE

Em entrevista a jornalistas, o presidente disse que o Brasil só vai participar de conferências do tipo se os dois países em conflito estiverem na mesa de negociação. “Nós estaremos dispostos a participar de qualquer reunião que discuta paz se tiver os dois conflitantes na mesa, Rússia e Ucrânia. Se não, não é discutir paz”, afirmou Lula.

Questionado sobre a possível cessão de territórios ucranianos - algo que já sugeriu -, Lula evitou comentar e disse que qualquer solução pacífica é mais benéfica para os povos e leva a menos mortes. “Se o Zelenski diz que não tem conversa com Putin, e o Putin diz que não tem conversa com o Zelenski é porque eles estão gostando da guerra”, disse Lula.

O governo já havia indicado aos organizadores suíços e aos ucranianos que Lula não participaria da conferência. O encontro global almeja discutir com altos representantes, chefes de Estado e de governo a “fórmula de paz” com 10 pontos centrais, elaborada pelo presidente Volodmir Zelenski.

Publicidade

“Eu tinha mandado uma carta para a presidenta. O Brasil não vai participar de uma cúpula que só tem um lado. A guerra é feita por duas nações. Se você quer encontar a paz, tem que colocar os dois numa mesa de negociação. Mas você colocar só um lado, na verdade você não quer paz”, argumentou Lula, que disse ter conversado com o líder russo por telefone sobre a necessidade de negociar.

Lula da Silva disse não ao convite da presidente da Suíça, Viola Amherd Foto: Ricardo Stuckert / PR

Kiev busca apoio a suas exigências e quer levar sua proposta à mesa para discussão com a Rússia de Vladimir Putin apenas num segundo momento. Os russos já se manifestaram contra itens da pauta de Zelenski e foram excluídos da conferência.

A Ucrânia exige a devolução de territórios - como a Crimeia tomada em 2014 - e a retirada total das tropas russas imediatamente. Moscou rejeita iniciar negociações sem manter o atual cenário no terreno, com os territórios que ocupa desde fevereiro de 2022.

O argumento de Lula é que as negociações somente vão prosperar se ambos países estiverem representados nas cúpulas internacionais. Essa posição foi verbalizada pelo petista dias antes da viagem à Europa, ao falar na necessidade de desescalada na guerra, e consta em proposta assinada por Brasil e China no fim de maio.

Publicidade

Petista nega defender Putin

Ucranianos e democracias ocidentais, sobretudo as representadas no G-7, veem a posição do governo Lula como mais alinhada a Putin. Ele, no entantou, negou fazer defesa de Putin. Ele se diz neutro no conflito.

“Não faço defesa do Putin. O Brasil foi o primeiro país a criticar a Rússia pela invasão. O que eu não faço é ter lado. O meu lado é a paz, não é ficar do lado do Zelenski contra o Putin ou do lado do Putin contra o Zelenski”, disse o petista.

A Cúpula sobre Paz para a Ucrânia ocorre nos dias 15 e 16, na região de Lucerna. O Brasil deve ser representado pela embaixadora Cláudia Fonseca Buzzi, representante do País na Suíça.

“O presidente cumprimentou a Suíça pela organização da conferência, mas reiterou a posição do Brasil, de que uma solução para a crise demandaria a participação de representantes dos dois lados do conflito. E reiterou o interesse do Brasil de participar e ajudar a viabilizar discussões de paz entre as duas partes”, disse o Palácio do Planalto, em nota divulgada sobre o encontro bilateral no hotel onde o presidente hospedou-se.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.