BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou nesta quinta-feira, dia 13, um novo apelo do governo da Suíça para que participasse de uma conferência de paz patrocinada pela Ucrânia, neste fim de semana, em solo suíço. O Palácio do Planalto informou que Lula recebeu o convite da presidente da Suíça, Viola Amherd, com quem se reuniu em Genebra, mas o recusou.
Em entrevista a jornalistas, o presidente disse que o Brasil só vai participar de conferências do tipo se os dois países em conflito estiverem na mesa de negociação. “Nós estaremos dispostos a participar de qualquer reunião que discuta paz se tiver os dois conflitantes na mesa, Rússia e Ucrânia. Se não, não é discutir paz”, afirmou Lula.
Questionado sobre a possível cessão de territórios ucranianos - algo que já sugeriu -, Lula evitou comentar e disse que qualquer solução pacífica é mais benéfica para os povos e leva a menos mortes. “Se o Zelenski diz que não tem conversa com Putin, e o Putin diz que não tem conversa com o Zelenski é porque eles estão gostando da guerra”, disse Lula.
O governo já havia indicado aos organizadores suíços e aos ucranianos que Lula não participaria da conferência. O encontro global almeja discutir com altos representantes, chefes de Estado e de governo a “fórmula de paz” com 10 pontos centrais, elaborada pelo presidente Volodmir Zelenski.
“Eu tinha mandado uma carta para a presidenta. O Brasil não vai participar de uma cúpula que só tem um lado. A guerra é feita por duas nações. Se você quer encontar a paz, tem que colocar os dois numa mesa de negociação. Mas você colocar só um lado, na verdade você não quer paz”, argumentou Lula, que disse ter conversado com o líder russo por telefone sobre a necessidade de negociar.
Kiev busca apoio a suas exigências e quer levar sua proposta à mesa para discussão com a Rússia de Vladimir Putin apenas num segundo momento. Os russos já se manifestaram contra itens da pauta de Zelenski e foram excluídos da conferência.
A Ucrânia exige a devolução de territórios - como a Crimeia tomada em 2014 - e a retirada total das tropas russas imediatamente. Moscou rejeita iniciar negociações sem manter o atual cenário no terreno, com os territórios que ocupa desde fevereiro de 2022.
O argumento de Lula é que as negociações somente vão prosperar se ambos países estiverem representados nas cúpulas internacionais. Essa posição foi verbalizada pelo petista dias antes da viagem à Europa, ao falar na necessidade de desescalada na guerra, e consta em proposta assinada por Brasil e China no fim de maio.
Petista nega defender Putin
Ucranianos e democracias ocidentais, sobretudo as representadas no G-7, veem a posição do governo Lula como mais alinhada a Putin. Ele, no entantou, negou fazer defesa de Putin. Ele se diz neutro no conflito.
“Não faço defesa do Putin. O Brasil foi o primeiro país a criticar a Rússia pela invasão. O que eu não faço é ter lado. O meu lado é a paz, não é ficar do lado do Zelenski contra o Putin ou do lado do Putin contra o Zelenski”, disse o petista.
A Cúpula sobre Paz para a Ucrânia ocorre nos dias 15 e 16, na região de Lucerna. O Brasil deve ser representado pela embaixadora Cláudia Fonseca Buzzi, representante do País na Suíça.
“O presidente cumprimentou a Suíça pela organização da conferência, mas reiterou a posição do Brasil, de que uma solução para a crise demandaria a participação de representantes dos dois lados do conflito. E reiterou o interesse do Brasil de participar e ajudar a viabilizar discussões de paz entre as duas partes”, disse o Palácio do Planalto, em nota divulgada sobre o encontro bilateral no hotel onde o presidente hospedou-se.
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