Lula telefona para Maduro após EUA e Venezuela negociarem alívio em sanções ao chavismo

Acordo com os EUA deve relaxar embargos ao petróleo venezuelano; em troca, ditadura deve permitir eleições competitivas e com observadores internacionais

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Por Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, sobre as eleições venezuelanas e o pagamento da dívida que Caracas tem com Brasília e o relaxamento das sanções impostas pelos Estados Unidos. A ligação foi confirmada em nota pelo Palácio do Planalto.

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A conversa segue a notícia de um acordo entre Joe Biden e Nicolás Maduro: o americano alivia os embargos ao petróleo venezuelano e o regime chavista permite eleições competitivas, com observadores de outros países. Segundo informações do jornal The Washington Post, as sanções devem ser relaxadas assim que regime e oposição assinarem o acordo que incluiria a liberação de candidatos barrados na disputa eleitoral.

Na última eleição, em 2018, Nicolás Maduro reivindicou vitória, mas o processo foi contestado internacionalmente. Na época, um grupo de 50 países, incluindo o Brasil sob o ex-presidente Jair Bolsonaro e os EUA sob Donald Trump reconheceram o governo paralelo do opositor Juan Guaidó — hoje exilado e alvo de um mandado de prisão.

Lula recebe Nicolás Ma.duro em Brasília Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

No início do ano, com a troca de comando no Palácio do Planalto, Brasil e Venezuela retomaram as relações diplomáticas e Nicolás Maduro foi recebido por Lula em Brasília durante o encontro com líderes da América do Sul. Durante a visita, o petista declarou que era o “começo da volta de Maduro”, criticou as sanções americanas e relativizou a democracia ao defender o ditador e disse que as denúncias de violação dos direitos humanos na Venezuela seriam parte de uma “narrativa”.

A tentativa de reabilitar Maduro criou um entrevero com outros líderes presentes no encontro em Brasília, que tinha o objetivo de reativar a União das Nações Sul-americanas (Unasul). O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, se disse “surpreso” com as declarações de Lula. Enquanto o chileno Gabriel Boric, que é de esquerda, rebateu que “não se pode varrer para debaixo do tapete ou fazer vista grossa sobre princípios importantes” ao discordar “respeitosamente” de Lula. O petista, por sua vez, minimizou o impasse.

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Depois desse episódio, Lula voltou a se reunir com Maduro durante viagem a Bruxelas para a cúpula Celac-UE. Na ocasião, ele também encontrou com representantes da oposição venezuelana e defendeu que uma solução para a crise que atinge o país passaria por um acordo sobre as eleições, que estão previstas para o ano que vem e até então foram marcadas pela inabilitação de opositores.

Agora, além do processo eleitoral e do acordo com os Estados Unidos, o petista também discutiu com Nicolás Maduro o pagamento da dívida que a Venezuela tem com o Brasil. Os dois dois lados já estabeleceram uma mesa de negociação para que os pagamentos sejam retomados. O valor total do débito é calculado em R$ 6 bilhões.

Leia a nota do Palácio do Planalto

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversou na manhã desta segunda-feira, 16 de outubro, durante cerca de 30 minutos com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Lula e Maduro conversaram sobre as eleições previstas para o ano que vem no país vizinho. O presidente brasileiro solicitou informações sobre o processo de negociação entre o governo e a oposição, bem como as tratativas em curso entre Caracas e Washington com vistas ao levantamento das sanções contra a Venezuela, que atingem a economia e a população civil do país.

Também discutiram medidas para facilitar o comércio na fronteira entre os dois países. O presidente Maduro indicou que encaminhará nos próximos dias uma sugestão para o tratamento das cargas brasileiras retidas na fronteira.

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Os dois presidentes concordaram em acelerar a negociação de um Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos, que representa alternativa inovadora aos tradicionais acordos bilaterais de investimentos.

Discutiram ainda a retomada da exportação de energia elétrica da Venezuela para o Brasil, por meio de conexão que historicamente contribuiu com energia limpa para a segurança e a estabilidade energética do estado de Roraima.

Trataram também de propostas para a retomada do pagamento da dívida bilateral da Venezuela com o Brasil.