O presidente Luiz Inácio Lula da Silva removeu o embaixador brasileiro em Israel do cargo na embaixada em Tel-Aviv e o enviou para servir como representante do País na conferência do Desarmamento, na Suíça. Frederico Meyer foi convocado para consultas em fevereiro, depois de uma crise diplomática entre os dois países. A medida foi anunciada no Diário Oficial desta quarta-feira, 29.
A crise diplomática entre o governo petista e o de Binyamin Netanyahu começou quando o presidente comparou as mortes de civis palestinos na guerra na Faixa de Gaza ao Holocausto, numa metáfora considerada muito ofensiva pelos judeus.
Em resposta, o chanceler israelense, Israel Katz, levou Meyer ao Museu do Holocausto, em Jerusalém, e, em hebraico, deu declarações críticas ao governo brasileiro. O diplomata, que não fala a língua, ficou constrangido com o episódio, segundo fontes do Itamaraty, o que irritou a diplomacia brasileira.
O governo ainda não nomeou ninguém para o lugar de Meyer. Apesar de o embaixador estar no Brasil há três meses, as relações diplomáticas estão mantidas.
Conib repudia saída de embaixador
A Confederação Israelita do Brasil (CONIB) lamentou a saída do embaixador brasileiro em Israel, ressaltando que Brasília e Tel-Aviv possuem uma “rica história de cooperação e afeto”. A entidade que representa a comunidade judaica no Brasil relembrou que a aprovação da partilha da Palestina pela ONU em 1947 ocorreu em uma votação conduzida pelo brasileiro Oswaldo Aranha.
“A medida unilateral do governo brasileiro nos afasta da tradição diplomática brasileira de equilíbrio e busca de diálogo e impede que o Brasil exerça seu almejado papel de mediador e protagonista no Oriente Médio”, aponta a nota.
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