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Lula vai encontrar Zelenski em NY durante Assembleia da ONU

O encontro acontece quatro meses após o polêmico desencontro entre os dois líderes às margens da cúpula do G-7, em Hiroshima, e depois de Lula dizer repetidas vezes que a Ucrânia também tinha responsabilidade na invasão da Rússia

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Por Redação
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se encontrar com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, na quarta-feira, 20, em Nova York. A reunião vai ocorrer por volta das 16h (horário de Brasília) no hotel do petista.

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O encontro acontece quatro meses após o polêmico desencontro entre os dois líderes às margens da cúpula do G-7, em Hiroshima, e depois de Lula dizer repetidas vezes que a Ucrânia também tinha responsabilidade na invasão da Rússia, e defender que os ucranianos deveriam abrir mão de território ocupado por Vladimir Putin para chegar a um acordo que colocassem fim à guerra.

Lula e Zelenski estão em Nova York, nos Estados Unidos, por ocasião da abertura da Assembleia-Geral da ONU. O governo brasileiro havia oferecido duas opções de data para o ucraniano, que nesta segunda-feira, 18, confirmou sua participação.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de coletiva de imprensa depois da cúpula do G-20, em Nova Délhi, Índia  Foto: Anushree Fadnavis/Reuters

Primeiro encontro

Este será o primeiro encontro presencial entre os dois mandatários, que estiveram presentes na cúpula do G-7, em Hiroshima, no Japão, durante o mês de maio, mas não conseguiram se encontrar por conta de incompatibilidade de agendas, deixando um clima negativo entre os dois países com direito a versões distintas sobre o porque a reunião entre os dois não havia ocorrido.

Lula afirmou que Zelenski não compareceu no horário marcado a reunião. De acordo com o petista, ele aguardou Zelenski em seu hotel, mas a equipe do ucraniano alegou que ele estava atrasado. “Simplesmente foi isso que aconteceu”, disse.

“Se ele teve um encontro mais importante, eu não sei. O dado concreto é que estava marcado neste salão às 15h15″, declarou Lula sobre Zelenski.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, discursa no Congresso dos Estados Unidos  Foto: Kenny Holston / NYT

Já Zelenski reagiu com ironia ao ser questionado se ficou decepcionado por não ter conseguido se reunir com Lula em Hiroshima. “Acho que ele [Lula] que ficou decepcionado”, respondeu, rindo em seguida.

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“Encontrei todos os líderes. Quase todos. Todos têm suas agendas próprias. Acho que é por isso que não pudemos encontrar o presidente do Brasil”, declarou o presidente ucraniano.

Em março, Lula e Zelenski haviam conversado por videoconferência e o presidente ucraniano chegou a agradecer o brasileiro e pediu para que Lula oferecesse uma “ponte para poder conversar com mais países da América Latina”.

Guerra

Desde o início de seu mandato, Lula tem feito diversas declarações sobre a guerra na Ucrânia, se colocando como um possível mediador entre Kiev e Moscou. Contudo, o presidente tem sido criticado por declarações consideradas favoráveis a Rússia.

Lula chegou a declarar em janeiro, durante a visita do chanceler alemão Olaf Scholz ao Brasil, que a Rússia estava errada em invadir a Ucrânia, mas também sinalizou para culpa do próprio país invadido. “Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam”, afirmou. Em maio, ao participar do G-7, no entanto, Lula disse que condenava a violação da integridade territorial da Ucrânia.

O presidente brasileiro já falou na formação de um clube de nações pela paz, cessar-fogo para discutir um acordo e na necessidade de ambos presidentes em guerra, Vladimir Putin e Volodmir Zelenski, estarem dispostos a ceder exigências.

Após a repercussão das declarações de Lula, a Ucrânia chegou a convidar o presidente brasileiro para visitar Kiev.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de reunião da cúpula do G77+China, em Havana, Cuba, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira  Foto: Yamil Lage/AFP

TPI

Durante a participação de Lula na cúpula do G-20, na Índia, durante os dias 9 e 10 de setembro, o presidente brasileiro afirmou que Putin poderia viajar ao Brasil para participar da próxima cúpula do bloco, que será realizada no Rio de Janeiro em novembro do ano que vem.

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Contudo, Putin tem um mandado de prisão emitido pelo TPI, e o Brasil, por ser signatário do tribunal, teria a obrigação de prender o presidente russo.

Quando questionado sobre o mandado emitido pelo TPI contra Putin por crimes de guerra por causa de seu suposto envolvimento em sequestros e deportação de crianças de partes da Ucrânia ocupadas pela Rússia durante a guerra, Lula afirmou que “ninguém vai desrespeitar o Brasil, porque tentar prender ele no Brasil é desrespeitar o Brasil.

Após o G-20, Lula recuou de blindar Putin, mas questionou a presença do Brasil no tribunal ao afirmar que o TPI funciona somente com países “bagrinhos”, referência aos menos desenvolvidos e que nem sabia da existência da Corte.

Especialistas em direito constitucional consultados pelo Estadão alertam que um rompimento com o TPI, se colocado em curso, não seria de competência do Executivo. Além disso, é impossível abandonar a Corte sem alterar a Constituição Federal e um longo debate jurídico e político sobre o tema.

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