Macron diz que programas de partidos radicais de esquerda e direita levariam a França à guerra civil

Críticas ocorrem a seis dias das eleições legislativas na França, que Macron antecipou de maneira inesperada após a vitória do partido Reagrupamento Nacional nas eleições europeias

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Por Toni Cerdá (AFP)
Atualização:

PARIS - O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou, nesta segunda-feira, 24, que os programas dos dois extremos do espectro político francês conduziriam o país à guerra civil, depois que o líder de direita radical Jordan Bardella se disse preparado para governar.

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“A resposta da extrema direita em termos de insegurança remete as pessoas a uma religião ou a uma origem e é assim que essa proposta nos divide e leva à guerra civil, declarou Macron no podcast Génération Do It Yourself.

Segundo Macron, o mesmo se aplica ao partido de esquerda radical França Insubmissa. “O que eles propõem também tem a guerra civil por trás, porque, acima de tudo, remete as pessoas exclusivamente à sua afiliação religiosa ou ideológica”, acrescentou.

Suas declarações ocorrem a seis dias do primeiro turno das eleições legislativas na França, que Macron antecipou de maneira inesperada após a vitória do partido Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, nas eleições europeias na França, em 9 de junho.

Mais cedo, Bardella, estrela em ascensão de 28 anos da direita radical e candidato a primeiro-ministro do RN, disse estar preparado para governar. Na França, o regime é semipresidencialista e o premiê tem poderes para definir a agenda legislativa. O segundo turno está marcado para 7 de julho.

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O RN e seus aliados lideram as pesquisas para as legislativas com quase 35% das intenções de voto, seguidos pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que soma entre 27% e 29,5%, e a aliança centrista de Macron com cerca de 20%.

Durante a apresentação de seu programa, o líder da direita radical reiterou as principais linhas do seu movimento sobre a segurança e o controle da imigração ilegal na França. Também prometeu um “big bang de autoridade” nas escolas, ao propor o uso de uniformes, a obrigação de se referir aos professores como “senhor” e a proibição dos telefones celulares nos centros de ensino.

O presidente francês Emmanuel Macron declarou em um podcast que programas dos 'extremos', da direita e da esquerda, levam 'à guerra civil'. Foto: Ludovic MARIN/POOL/AFP

“Sete anos de ‘macronismo’ enfraqueceram o país”, disse Bardella, que reiterou os planos para expulsar estrangeiros condenados por crimes e cortar gastos que favorecem a imigração.

Para tentar atrair os eleitores de direita descontentes com Macron, o candidato a primeiro-ministro do RN atacou os resultados econômicos do governo de Macron, com dívida e déficit públicos superiores aos limites europeus.

‘Muito vigilante’ com a Rússia

Sobre a política internacional, o candidato a primeiro-ministro garantiu que, se chegar ao poder, pretende manter o apoio do país à Ucrânia, mas será contrário ao envio de mísseis de longo alcance e de tropas francesas ao território ucraniano.

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Embora os críticos considerem o RN próximo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Bardella garantiu que sua agenda legislativa será muito vigilante às tentativas de interferência da Rússia, país que considerou uma ameaça para a França e a Europa.

Ao falar sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, ele declarou que “reconhecer hoje um Estado palestino seria reconhecer o terrorismo”. A França abriga a principal comunidade judaica da Europa.

O RN, liderado por Marine Le Pen, tem raízes na direita radical francesa do pós-Guerra e no colaboracionismo com o regime pró-nazista de Vichy. O pai dela, Jean Marie Le Pen, fundador do movimento político, era um antissemita declarado.

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