Macron se recusa a nomear primeira-ministra da esquerda e agrava crise política na França

O presidente da França afirmou que uma primeira-ministra do bloco de esquerda poderia prejudicar a ‘estabilidade institucional’ do país

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Por Redação
Atualização:

PARIS - O presidente da França, Emmanuel Macron, rejeitou na segunda-feira, 26, nomear como primeira-ministra a esquerdista Lucie Castets em nome da “estabilidade institucional” e convocou uma nova rodada de consultas com partidos e “personalidades” para superar o bloqueio político no país

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Macron agitou o xadrez político da França ao antecipar eleições legislativas para julho por conta da vitória do partido Reagrupamento Nacional, de direita radical, nas eleições para o Parlamento Europeu. Graças ao apoio da esquerda, os radicais foram derrotados, mas agora Macron não quer dar aos esquerdistas o comando do governo.

“Um governo baseado apenas no programa e nos partidos propostos pela aliança com maior número de deputados, a Nova Frente Popular, seria imediatamente censurado” na Assembleia (Câmara baixa), ressaltou, em um comunicado, o mandatário francês, que retomará as consultas nesta terça-feira, 27.

O presidente da França, Emmanuel Macron, discursa em Bornes-les-Minosas, França  Foto: Manon Cruz/AP

Blocos políticos

Este cenário mergulhou a França em um impasse político, pois nenhum dos três principais blocos das eleições - esquerda, centro direita e direita radical - obteve a maioria de 289 deputados. Um novo pleito não pode ser convocado antes de julho de 2025.

A Nova Frente Popular (NFP), formada por socialistas, comunistas, ecologistas e o partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), venceu as eleições com 193 deputados.

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A aliança de centro direita de Macron, por sua vez, elegeu 166 deputados, seguida do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) e seus aliados, com 142, e do partido de direita tradicional Republicanos, com 47.

O líder do partido A França Insubmissa, Jean-Luc Melenchon, participa de um comício de seu partido em Chateanufeuf-sur-Isere  Foto: Emmanuel Dunand/AFP

Consultas políticas

Na sexta-feira, quase dois meses após as eleições, Macron iniciou uma rodada de consultas com os partidos e, em virtude destes encontros, considerou que “a estabilidade institucional” da França faz com que não seja possível aceitar a nomeação de Castets para o cargo, segundo a declaração.

“O presidente acaba de criar uma situação excepcionalmente grave. A réplica popular e política deve ser rápida e firme”, escreveu na rede social X o líder do LFI, Jean-Luc Mélenchon, reiterando que vão apresentar uma moção para destituir Macron.

O líder comunista, Fabien Roussel, convocou uma “grande mobilização popular” nos “próximos dias”, enquanto a ambientalista Marine Tondelier criticou a “perigosa irresponsabilidade democrática” de um presidente que, segundo ela, causou o bloqueio com o inesperado adiantamento eleitoral.

Na França, cabe ao presidente nomear o chefe de governo. No comunicado, Macron ressalta que é sua responsabilidade “garantir que o país não fique bloqueado ou se fragilize”. O presidente francês também pediu que todos os blocos políticos lembrem das “circunstancias excepcionais” do segundo turno.

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Apesar das pesquisas apontarem para uma vitória do Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, o bloco de esquerda e a aliança de centro direita de Macron retiraram seus candidatos com menos chances para favorecer aqueles que pudessem derrotar a extrema direita.

Impasse

O partido França Insubmissa participou desta “frente republicana” contra Le Pen, mas tanto a aliança de Macron quanto a direita rejeitaram que esse partido integre um governo e inclusive ameaçaram, assim como Le Pen, votar uma moção de censura se isto não ocorresse.

E apesar de Mélenchon ter aberto a porta para que o partido não entrasse em um eventual governo de Castets, seus adversários mantiveram a recusa ao garantir que o problema era o programa da coalizão, que inclui derrubar a impopular reforma das pensões de Macron./AFP

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