REUTERS - Emmanuel Macron se livrou da líder de extrema-direita Marine Le Pen, mas seu segundo mandato será ainda mais difícil do que o primeiro, com crescente oposição política e descontentamento social fervente.
Enquanto seus eleitores comemoravam a vitória perto da Torre Eiffel, seus aliados já percorriam os programas de TV reconhecendo que a enorme votação de Le Pen significava que o presidente reeleito teria de tirar lições “A extrema direita com mais de 40% mostra que teremos mais trabalho a fazer”, disse Clement Beaune, ministro de Assuntos Europeus, à TV France 2.
O próximo obstáculo será em junho, com as eleições parlamentares. Presidentes recém-eleitos da França geralmente obtêm maioria no Parlamento na votação legislativa, imediatamente após a presidencial, principalmente porque o comparecimento entre os apoiadores dos candidatos derrotados costuma ser baixo.
No entanto, as coisas podem se complicar. Le Pen prometeu fazer oposição no Parlamento. Jean-Luc Mélenchon quer se tornar primeiro-ministro e espera repetir sua boa votação do primeiro turno nas eleições legislativas.
Mesmo que Macron obtenha a maioria, ele terá de lidar com a resistência nas ruas, principalmente contra sua reforma previdenciária, que aumentaria a idade de aposentadoria 62 para 65 anos. Philippe Martinez, presidente do CGT, um dos maiores sindicatos da França, disse que não haverá “lua de mel” para Macron, caso ele não recue.
Outra questão volátil é a inflação. Macron limitou a alta da conta de luz e ofereceu descontos na gasolina, mas não disse até quando seguraria os preços, <TB>que vem afetando produtos básicos, como óleo de cozinha, arroz e pão.
Além disso, ele tem de lidar com a rejeição. Seu primeiro mandato foi marcado por gafes que o fizeram parecer arrogante. Muitos franceses o detestam. Aliados alertam que ele precisará dialogar mais com parlamentares, sindicatos e a sociedade civil, e abandonar o estilo de governar de cima para baixo, que ele mesmo descreveu como “jupiteriano”. “Macron entendeu a mensagem: você não pode decidir tudo do alto. Ele não é o chefe de uma empresa”, disse o deputado Patrick Vignal.
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