CARACAS - O ditador Nicolás Maduro entregou o Ministério do Interior ao linha-dura Diosdado Cabello, o número dois do chavismo. A mudança na estrutura política do regime antecede os protestos convocados pela oposição para esta quarta-feira, 28, quando a eleição denunciada como fraude completa um mês.
O deputado Diosdado Cabello volta ao ministério responsável pela ordem pública, que comandou durante o governo Hugo Chávez, após mais de 20 anos anos. “Fui ministro do Interior em 2002. Estivemos nesta batalha junto ao presidente Chávez e os vencemos naquele momento”, disse ele, que também é vice-presidente do Partido Socialista da Venezuela (PSUV).
A vice-presidente Delcy Rodríguez, por sua vez, passa a acumular as funções do estratégico Ministério do Petróleo. A Defesa continua com Vladimir Padrino, no cargo desde 2014.
A reforma de metade do gabinete atinge ainda as pastas de Agricultura, Turismo, Esporte, Trabalho, Obras Públicas e Educação. No caso da Educação Universitária, assume Ricardo Sánchez, dissidente da oposição que agora apoia Maduro.
Nicolás Maduro afirma que a reforma ministerial tem o objetivo de “unir a força do governo popular, revolucionário e socialista da Venezuela e dar a ordem de que essa etapa foi aberta com a vitória (nas eleições) de 28 de julho”.
O resultado alegado pelo chavismo, no entanto, é contestado por Estados Unidos, Europa e vários países da América Latina, que não reconhecem a reeleição de Nicolás Maduro. Ao contrário dele, a oposição divulgou as cópias das atas que comprovariam a vitória de Edmundo González, mas os caminhos para a transição política na Venezuela seguem bloqueados pelo regime, que escala a repressão.
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“Maduro fecha fileiras e se entrincheira (mais) com as ‘novas’ designações ministeriais”, avalia o cientista político Walter Molina. Para o especialista, não é coincidência que a reforma do gabinete tenha sido anunciada na véspera dos novos protestos da oposição.
“Ata mata sentença. Por isso, nos vemos nas ruas dia 28 de agosto, a um mês da nossa gloriosa vitória”, declarou a líder opositora María Corina Machado ao chamar as manifestações. Foi uma referência às cópias das atas que comprovariam a vitória de González e à decisão do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, corte alinhado ao chavismo que ratificou a vitória de Nicolás Maduro.
“Votamos, ganhamos e reunimos as nossas atas, que mostram pujante de Edmundo González”, disse. “Eles não apresentaram nenhum pedaço de papel sequer e saíram correndo atrás do seu TSJ submetido à tirania”, seguiu María acrescentando que “não há maior confissão de derrota”./AFP
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