Maduro recebe Petro em Caracas após retomada de relações diplomáticas

Trata-se do primeiro encontro entre os chefes de Estado desde o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, em agosto

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Por Redação
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CARACAS - Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, Gustavo Petro, se reuniram nesta terça-feira, 1º, por duas horas em Caracas, no primeiro encontro entre eles desde a retomada das relações diplomáticas entre os dois países, em agosto. Ao fim da reunião no Palácio de Miraflores, eles prometeram trabalhar juntos em diversas áreas, como economia, comércio, migração e segurança binacional.

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Petro e Maduro também falaram sobre o fortalecimento da cooperação entre a Monómeros, filial da PDVSA, estatal venezuelana do petróleo na Colômbia, e a petroquímica venezuelana Pequiven. Os dois presidentes também abordaram o retorno da Venezuela à Comunidade Andina de Nações (CAN).

Os dois líderes concordaram com a necessidade de recuperar a fronteira entre os dois países, após ter permanecido por muitos anos nas mãos do crime organizado. A fronteira comum de 2.200 km foi reaberta em 26 de setembro após permanecer fechada para a passagem de veículos desde agosto de 2015.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (E), recebe o líder colombiano, Gustavo Petro, no Palácio Miraflores  Foto: Miguel Gutiérrez - EFE

Maduro havia fechado a fronteira sob a justificativa de combater o crime organizado e grupos paramilitares. Os avanços nas negociações acabaram sendo escassos, e a fronteira foi reaberta somente em cinco pontos por apenas 15 horas diárias, exclusivamente para a passagem de pedestres.

O comércio entre Venezuela e Colômbia, que chegou a US$ 7,2 bilhões por ano, 14 anos atrás, despencou para US$ 400 milhões em 2021. A Câmara de Integração Colombiana-Venezuelana estima que a retomada do trânsito fronteiriço poderá ajudar a atingir o patamar de US$ 1,2 bilhão este ano.

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A tensão entre Venezuela e Colômbia aumentou com a chegada à presidência colombiana de Iván Duque (2018-2022), com quem Maduro teve fortes discussões, mas sempre à distância, já que nunca chegaram a se encontrar pessoalmente.

Em 2019, após vários meses de confrontos, as relações entre os dois países foram definitivamente rompidas depois que Duque reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como “presidente de facto” da Venezuela – em sintonia com o governo de Donald Trump –, ao considerar fraudada a reeleição de Maduro, um ano antes.

Imigrante venezuelana lava roupas de maneira improvisada em Necocli, na Colômbia, em uma jornada para tentar chegar aos EUA  Foto: Fernando Vergara/AP

Petro disse nesta terça-feira que, entre os temas do encontro, estaria a “construção democrática da América, com as mudanças que passam por sua eleição na Colômbia e também de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil”. Ele acrescentou que a agenda incluiria a integração comercial e a imigração, em referência aos venezuelanos e colombianos que vivem em ambos os países. A Colômbia abriga 2,4 milhões de migrantes venezuelanos que fugiram da crise política e econômica.

Os EUA pediram ontem à Colômbia que promova a democracia e a prestação de contas da Venezuela. “Os venezuelanos merecem as mesmas oportunidades que os colombianos e outros povos da região para eleger de forma democrática seus líderes”, disse um porta-voz do Departamento de Estado. Ele lembrou que o sistema interamericano de direitos humanos “identificou uma reiterada repressão do regime Maduro e pediu a libertação dos presos políticos, o respeito à liberdade de expressão e de outros direitos humanos”.

A relação dos EUA com a Venezuela também está mudando. Funcionários do governo de Joe Biden discutiram a suspensão de algumas sanções ao regime de Maduro. Em setembro, com o aumento da imigração venezuelana, os americanos anunciaram US$ 376 milhões (R$ 1,93 bilhão) em nova assistência humanitária a Caracas.

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Brasil

Nicolás Maduro disse ter conversado por telefone, na segunda-feira, 31, com o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para retomar a agenda binacional de cooperação, praticamente paralisada durante o governo de Jair Bolsonaro. Já as relações com Argentina e Peru têm se normalizado igualmente com a chegada de governos de esquerda nesses países./EFE, AFP e WP

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