Um imenso bloco de gelo com quase três vezes o tamanho da cidade de São Paulo se desprendeu da plataforma Ronne, na Antártida, e se transformou no maior iceberg do mundo. O anúncio foi feito na noite de quarta-feira, 20, pela Agência Espacial Europeia (ESA).
Imagens divulgadas pelo satélite Sentinel-1, que integra o programa europeu de observação Copernicus, mostram o iceberg A-76, que está à deriva no Mar de Weddel. O monstro de gelo tem quase 170 km de comprimento e 25 km de largura, totalizando uma superfície de 4.320 km². A área da capital paulista, para fins de comparação, é de 1.521 km².
Até então, o maior iceberg do mundo era o A-23A, com superfície de 3.380 quilômetros quadrados, também à deriva no Mar de Weddell, segundo a ESA.
A formação de icebergs é um processo natural que o aquecimento do ar e dos oceanos acelera, segundo os cientistas. Enquanto a temperatura média do planeta aumentou em mais de 1ºC desde a era pré-industrial, devido às emissões de gases causadores do efeito estufa, a Antártida registrou um aumento duas vezes superior.
O Centro Nacional de Gelo dos Estados Unidos afirmou que o iceberg A-76 iniciou a separação da plataforma de Ronne em 13 de maio. Mas o British Antarctic Survey (BAS), foi quem observou inicialmente o corpo de gelo, a partir de uma base de pesquisa na zona polar.
A estação polar britânica localizada na plataforma de gelo de Brunt, também no Mar de Weddell, foi testemunha, em fevereiro passado, da ruptura de um iceberg de 1.270 quilômetros quadrados.
Em novembro de 2020, outro iceberg gigante, que era o maior do mundo quando se desprendeu em 2017, aproximou-se perigosamente de uma ilha do Atlântico Sul, ameaçando colônias de pinguins e focas.
Este iceberg, o A-68, separou-se de uma gigantesca plataforma de gelo, chamada Larsen C, e a privou de 12% de sua superfície, o que a tornou mais instável. Outras partes desta barreira, situada na ponta da península antártica, desintegraram-se em 1995 e em 2002.
Os icebergs são tradicionalmente batizados com uma letra que corresponde à zona da Antártica em que foram detectados pela primeira vez, seguidos por um número./ AFP
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