Maior parte do petróleo exportado ilegalmente pelo EI passa pela Turquia, diz premiê

Acusação do primeiro-ministro do Iraque acontece ao mesmo tempo em que vários países acusam Ancara de estar envolvida no tráfico de petróleo com o grupo extremista

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Por Redação

BAGDÁ - A maioria do petróleo exportado ilegalmente pelo grupo Estado Islâmico (EI) passa pela Turquia, afirmou na segunda-feira o primeiro-ministro do Iraque, Haider Abadi, unindo-se, assim, à lista de países que acusam Ancara de colaborar no financiamento da organização jihadista.

Durante uma reunião com o ministro alemão de Assuntos Exteriores, Abadi destacou "a importância de frear o contrabando de petróleo dos grupos terroristas, cuja grande maioria é exportada ilegalmente através da Turquia", segundo um comunicado.

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As relações entre Bagdá e Ancara melhoraram desde a chegada de Abadi ao poder em 2014, mas algumas tensões continuam entre as duas capitais, em especial sobre o conflito sírio, e mais recentemente sobre a mobilização de tropas turcas no norte do Iraque.

A acusação do premiê ocorre ao mesmo tempo em que vários países acusam a Turquia de estar envolvida no tráfico de petróleo com o Estado Islâmico, que no ano passado tomou o controle de grandes extensões de território no Iraque e na Síria.

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A Rússia acusa há vários dias a Turquia de se beneficiar do contrabando de petróleo proveniente dos jihadistas, acusando inclusive diretamente o presidente Recep Tayyip Erdogan, que classificou o fato como mentira.

O presidente turco também afirmou ter advertido seu colega iraniano, Hassan Rohani, após o surgimento de acusações similares em alguns meios de comunicação iranianos. Segundo o secretário do Conselho de Discernimento iraniano, Mohsen Rezaie, conselheiros militares iranianos presentes na Síria e no Iraque possuem imagens de caminhões do EI dirigindo-se à Turquia.

Na sexta-feira, os EUA consideraram que a quantidade de petróleo transportada pelo Estado Islâmico na Turquia é economicamente “insignificante”. Depois dessas declarações, Moscou acusou Washington de querer “encobrir esses atos”.

Irã e Rússia apoiam militarmente o regime sírio do presidente Bashar Assad, enquanto a Turquia ajuda os rebeldes que buscam derrubá-lo do poder.

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Ainda que o Iraque mantenha relações estreitas com o Irã, o país tenta evitar tomar uma posição no conflito sírio.

Reação. O filho de Erdogan negou as acusações russas de que ele e sua família estariam se beneficiando do comércio ilegal de petróleo de territórios controlados pelo Estado Islâmico.

O ministério da Defesa da Rússia disse na semana passada ter provas de que a família Erdogan se beneficiava com o contrabando

"Construímos escritórios em Istambul. Não fazemos negócios no Mediterrâneo, na Síria ou Iraque", disse Bilal Erdogan, de acordo com o jornal italiano Corriere della Sera.

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"O Estado Islâmico é um inimigo do meu país. O Estado Islâmico é uma desgraça. Coloca minha religião em foco ruim. Eles não representam o islã e não os considero muçulmanos", disse. /AFP e REUTERS

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