Maior rio da China encolhe em meio a seca e provoca escassez de energia elétrica

O rio Yangtze, um dos maiores do mundo, está com metade de sua capacidade, o que está afetando a produção das usinas hidrelétricas e forçou o fechamento de várias fábricas chinesas

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Por Redação

CHONGQING - O verão mais seco da China em décadas deixou o Yangtze, um dos maiores rios do mundo, com apenas metade de sua largura normal, provocando uma crise no abastecimento de energia elétrica justamente quando a demanda por ar-condicionado cresce devido ao calor extremo. Autoridades já decretaram racionamento de energia para fábricas e estabelecimentos comerciais na tentativa de conter a escassez elétrica.

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Fábricas na província de Sichuan e na metrópole de Chongqing, no sudoeste, receberam ordens para fechar suas portas depois que o nível da água nas barragens que abastecem a produção de eletricidade caiu para metade do normal. Alguns shoppings tem ficado fechados durante a maior parte do dia para reduzir a demanda de eletricidade, disse a emissora estatal CCTV, limitando o horário de funcionamento das 16h às 21h.

As balsas em Chongqing, que geralmente ficam lotadas de turistas, estavam vazias e atracadas em docas ao lado de lamaçais que se estendiam até 50 metros da margem do rio. Pequenos barcos navegavam no meio do rio Yangtze, um dos maiores canais comerciais da China, mas nenhum barco grande estava à vista nos últimos dias.

Marcadores de nível de água aparecem conforme as águas recuam em um reservatório abastecido pelo rio Yangtze na China Foto: Aly Song/Reuters

A interrupção aumenta os desafios para o Partido Comunista Chinês, que está tentando sustentar o fraco crescimento econômico antes de uma reunião em outubro ou novembro na qual o presidente Xi Jinping deve receber um terceiro mandato de cinco anos como líder do partido. A segunda maior economia do mundo cresceu apenas 2,5% no primeiro semestre de 2022 em comparação com o ano anterior, menos que a meta oficial de 5,5%.

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A seca impacta Sichuan de forma particularmente mais severa porque a província de 94 milhões de habitantes obtém 80% de sua energia de usinas hidrelétricas. Outras províncias dependem mais da energia a carvão, que não é afetada.

Milhares de empresas que fabricam chips de processadores, painéis solares e componentes automotivos em Sichuan e Chongqing fecharam na semana passada. Algumas companhias anunciaram que não houve interrupção no fornecimento aos clientes, mas o governo da cidade de Xangai disse em uma carta divulgada na quinta-feira que a Tesla Ltd. e uma grande montadora chinesa foram forçadas a suspender a produção.

O governo da cidade de Chengdu, capital da província de Sichuan, disse às famílias que economizassem energia, definindo o ar condicionado a uma temperatura mínima de 27°C. Outra cidade, Dazhou, anunciou anteriormente quedas de energia diárias de três horas para os bairros.

A bacia do Yangtze, que abrange partes de 19 províncias, produz 45% da produção econômica da China, segundo o Banco Mundial.

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O impacto nacional das paralisações é limitado porque Sichuan responde por apenas 4% da produção industrial, enquanto outras províncias usam mais energia a carvão, que não foi interrompida.

A China sofreu interrupções semelhantes no ano passado, quando um verão seco causou escassez de energia hidrelétrica e fechou fábricas na província de Guangdong, no sudeste, um centro industrial global. Outras regiões sofreram apagões devido à escassez de carvão e cortes obrigatórios de energia para cumprir as metas oficiais de eficiência energética.

Vista aérea com drone mostrando o leito seco do rio Jialing, importante afluente do rio Yangtze, em Chongqing, China Foto: EFE

Incêndios florestais

O governo chinês diz que este verão é o mais quente e seco da China desde que começou a medir os registros de temperatura e precipitação em 1961. As temperaturas ultrapassaram 40ºC na última semana.

A seca e o calor murcharam as colheitas e também têm provocado grandes incêndios florestais. A mídia estatal diz que o governo tentará proteger a colheita de grãos neste outono do Hemisfério Norte, que representa 75% do total anual da China, lançando produtos químicos nas nuvens para tentar gerar chuva.

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Os baixos níveis de água nos rios também forçaram a paralisação dos embarques de carga. Um canal que liga Wuhan, no Yangtze, à cidade de Anqing, a nordeste de Anhui, foi fechado porque era muito raso para que os navios se movessem com segurança, informou o jornal de Xangai The Paper.

Mais de 1.500 moradores foram transferidos para abrigos por causa de incêndios nas áreas periféricas de Chongqing, enquanto cerca de 5.000 civis e militares foram mobilizados para apagar as chamas, disse a agência de notícias oficial Xinhua nesta segunda-feira.

Helicópteros foram enviados para jogar água nos incêndios, apoiando as equipes em terra que no passado foram deixadas por conta própria.

Um helicóptero trabalha para apagar um incêndio florestal em meio a altas temperaturas em Chongqing, China Foto: Cnsphoto via Reuters

Em 2019, um incêndio florestal nas montanhas da província de Sichuan matou 30 bombeiros e voluntários. Nenhuma morte ainda foi relatada como resultado da onda de calor, disse a Xinhua, embora isso não possa ser verificado de forma independente.

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Para economizar eletricidade, a Prefeitura de Xangai pediu no domingo para apagar as iluminações decorativas da avenida Bund e da outra margem do rio Huangpu, em uma parte do bairro de Lujiazui. Esta famosa avenida é conhecida pela vista impressionante que oferece dos arranha-céus de Lujiazui, totalmente iluminados à noite, com outdoors publicitários gigantes e às vezes feixes de luz.

Mas todas as luzes decorativas terão que ser apagadas nesta segunda-feira e terça-feira, informou o serviço municipal encarregado dos espaços verdes./AP e AFP

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