HAIA - Holanda, Bélgica e Irlanda anunciaram nesta terça-feira, 29, a expulsão dos diplomatas russos de seus países sob a acusação de estarem agindo como oficiais de inteligência para a Rússia. Ao todo serão 42 diplomatas, somando-se a dezenas de outros que já foram expulsos de demais países como retaliação à invasão da Ucrânia pela Rússia.
A Holanda vai expulsar 17 diplomatas russos, informou o Ministério das Relações Exteriores holandês. “A razão é que há informações que mostram que as pessoas em questão, credenciadas como diplomatas, estão agindo secretamente como agentes de inteligência”, disse o ministério em nota.
Ao mesmo tempo, a Irlanda anunciou a expulsão de quatro diplomatas russos alegando que suas atividades “não atendem aos padrões internacionais de comportamento diplomático”.
O embaixador russo em Dublin foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores para ser notificado das expulsões, disse a diplomacia irlandesa em comunicado, assegurando que quer “manter os canais diplomáticos abertos” com Moscou no contexto da invasão russa da Ucrânia.
O ministro das Relações Exteriores da Holanda, Wopke Hoekstra, disse que o governo está preparado para qualquer retaliação de Moscou.
“A experiência mostra que a Rússia não deixa tais medidas sem resposta. Não podemos especular sobre isso, mas o Ministério das Relações Exteriores está preparado para vários cenários que podem ocorrer no futuro próximo”, disse em comunicado.
Por fim, a Bélgica decidiu expulsar 21 pessoas que trabalham para a embaixada e consulado russos, suspeitas de estarem envolvidas em “operações de espionagem e influência que ameaçam a segurança nacional”, anunciou a ministra das Relações Exteriores belga, Sophie Wilmès.
A ministra postou no Twitter o anúncio que fez perante uma comissão do parlamento belga, onde disse que os envolvidos terão que deixar o território belga dentro de 15 dias.
Segundo a Reuters, a expulsão ocorre após uma reportagem de uma agência de notícias belga que apontou os indícios de espionagens, embora não tenha apresentado fontes.
Os 21 russos trabalhavam na embaixada de Moscou em Bruxelas e no consulado em Antuérpia. Todos foram credenciados como diplomatas, mas estavam trabalhando em operações de espionagem e influência, disse um porta-voz do ministério.
Rússia expulsa diplomatas dos bálticos
A Rússia ainda não se pronunciou sobre a expulsão de seu corpo diplomático dos três países europeus, mas anunciou neste mesmo dia a expulsão de 10 diplomatas dos três países bálticos em uma resposta direta à mesma ação.
A lista inclui três diplomatas da Estônia, três da Letônia e quatro da Lituânia. As três nações bálticas expulsaram um total de 10 diplomatas russos em um movimento coordenado no início deste mês.
A Letônia disse que as atividades dos diplomatas russos estavam em desacordo com seu status diplomático e que a decisão de expulsá-los também levou em consideração a invasão russa da Ucrânia.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse em seu comunicado nesta terça que chamou os embaixadores dos três países para reclamar do que descreveu como a ação “provocativa” e “infundada” tomada contra seus diplomatas.
Letônia, Lituânia e Estônia já fizeram parte da União Soviética e agora são membros da Otan e da União Europeia. Eles apoiaram fortemente as sanções ocidentais impostas a Moscou por suas ações na Ucrânia.
Na segunda-feira, a Rússia já havia anunciado a expulsão de três diplomatas eslovacos, em represália a uma decisão semelhante adotada este mês pela Eslováquia.
A Rússia também “protestou com firmeza” contra o embaixador eslovaco pelos “obstáculos ao trabalho das missões russas na Eslováquia e pelas ameaças ao seu funcionamento”, disse o ministério das Relações Exteriores de Moscou em um comunicado.
A Eslováquia decidiu, em meados de março, expulsar três diplomatas russos “pela sua atividade em violação da Convenção de Viena sobre as relações diplomáticas”, segundo o ministério eslovaco das Relações Exteriores.
A fórmula diplomática do comunicado sobre a violação da Convenção de Viena é geralmente utilizada para acusar atividades de espionagem.
A justificativa também foi utilizada pela Macedônia do Norte ao expulsar cinco enviados russos. “Os [diplomatas] da lista estavam realizando atividades contrárias à Convenção de Viena sobre relações diplomáticas”, explicou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
O pequeno país dos Balcãs já expulsou diplomatas russos em outras três ocasiões nos últimos anos, devido ao envenenamento do ex-espião russo Serguéi Skripal na cidade inglesa de Salisbury, pelo qual o Reino Unido acusou Moscou.
Após a invasão russa da Ucrânia iniciada no mês passado, a Macedônia do Norte seguiu os passos da União Europeia de sancionar a Rússia e responsáveis do país classificaram a Rússia de “Estado hostil”.
Em março de 2020, a Macedônia do Norte se tornou o último Estado a ser incorporado à Otan, depois que o país mudou de nome para se distinguir da província grega Macedônia.
As ações desta semana representam a mais recente onda de expulsão de diplomatas russos de países ocidentais, depois que Estados Unidos e Polônia fizeram o mesmo alegando os mesmos motivos./AFP e REUTERS
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