Nos EUA, 70 milhões já votaram, mais da metade do total registrado em 2016

Do total de cédulas enviadas pelo correio ou depositadas pessoalmente, quase metade é de democratas, 29% de republicanos e o restante não tem filiação partidária; Texas, Califórnia e Flórida são os Estados que mais receberam votos

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla, Correspondente e Washington

A uma semana do dia da eleição nos Estados Unidos, 70 milhões de americanos já votaram antecipadamente – o número equivale a mais da metade do total de eleitores que votaram em 2016, segundo dados do U.S. Election Project. Texas (7,8 milhões de votos), Califórnia (7,4 milhões) e Flórida (6,4 milhões) são os Estados que mais receberam votos. 

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Os EUA têm 240 milhões de pessoas aptas a votar. Na eleição passada, 55,5% de fato votaram – 138 milhões. Neste ano, as projeções indicam que o comparecimento pode chegar a 65%, um índice que foi atingido pela última vez no início do século passado. 

O aumento do voto antecipado – seja por correio ou presencial – já era esperado, mas os números surpreenderam analistas. A maioria dos Estados flexibilizou as exigências para admitir o voto antes do dia da votação, para evitar aglomerações em razão da pandemia. 

Eleitores votam antecipadamente no Brooklyn Museum, em Nova York: expectativa é de um recorde histórico de comparecimento nos EUA Foto: Bebeto Matthews/AP

Os democratas têm se mostrado mais propensos ao voto antecipado. Nos Estados que divulgam esses dados, eles representam 48% dos que já votaram. Os republicanos são 29% – o restante não tem filiação partidária. Na Pensilvânia, um Estado crucial para a disputa, o número de eleitores registrados como democratas que já votou é três vezes superior a dos republicanos. Em outros Estados-chave, como Flórida, no entanto, a divisão é mais equilibrada. 

A maioria dos Estados estabeleceu maneiras de enviar o voto ou depositar pessoalmente a cédula em urnas que podem ficar do lado de fora de uma seção de votação. Um dos locais que adotaram esse método é a Geórgia. A eleitora republicana Jane Ragsdale, de 77 anos, foi uma das que preferiu depositar pessoalmente a cédula. 

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“Estou com medo de fraude. Não quis colocar no correio porque passaria por muitas mãos”, afirmou a aposentada ao Estadão. Apesar de o voto pelo correio ser uma prática tradicionalmente adotada nos EUA, o presidente Donald Trump tem alegado que o método pode levar a fraude. 

Cerca da metade dos votos antecipados foi registrada nos Estados-chave, onde as duas campanhas mergulharam nos últimos dias. Joe Biden esteve nesta terça-feira na Geórgia, bastião conservador. A última vez que o Estado votou em um democrata foi em 1992. A agenda dos próximos compromissos do democrata inclui Iowa, onde Trump ganhou com folga de Hillary Clinton, mas que também tem se mostrado apertado. 

O ex-presidente Barack Obama também fez comício na Flórida nesta terça-feira, depois de ter feito a primeira participação em eventos com eleitores na semana passada, na Pensilvânia. Os dois Estados são considerados o fiel da balança da disputa deste ano. 

Trump, por sua vez, fez três viagens hoje na tentativa de energizar sua base de eleitores em Michigan, Wisconsin e Nebraska. O republicano venceu os dois primeiros Estados em 2016 por margens apertadas, mas Biden aparece à frente da pesquisa em ambos. 

A larga escala no voto antecipado não é suficiente para saber se o comparecimento na eleição deste ano será maior do que em eleições passadas ou se os eleitores apenas preferiram registrar o voto com antecedência. Há lugares, no entanto, que os sinais são de que mais eleitores irão votar neste ano. 

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No Texas, a sete dias da eleição, o número de eleitores que já votaram equivale a mais de 80% do total de votos registrados no Estado em 2016. Fort Worth, nos arredores de Dallas, instalou um drive-thru para que os eleitores depositem as cédulas pelo correio pessoalmente, mas sem descer do carro. Desde que o sistema foi aberto, as filas não param de crescer. 

Apesar de as pesquisas mostrarem que Trump conseguiu diminuir a vantagem de Biden em alguns Estados na última semana, como Texas, Flórida e Arizona, o democrata segue como favorito e cresceu em Michigan e Iowa.

Na média das pesquisas nacionais, Biden passou de 10,7 pontos de diferença, há dez dias, para 9,4 pontos agora – um patamar que ele tem sustentado desde junho. Na mesma época, em 2016, Hillary tinha 4,5 pontos a mais do que Trump na média nacional, metade da vantagem registrada por Biden. 

Nos Estados-chave também há diferenças entre a última eleição e a atual. O índice de aprovação de Hillary era baixo, assim como o de Trump. Isso significa que havia eleitores que não gostavam de nenhum dos dois candidatos. Já Biden tem mais de 50% das intenções de voto em três Estados cruciais do Meio-Oeste: Pensilvânia, Michigan e Wisconsin. 

Com menos eleitores indecisos nesta eleição, a chance de surpresas de última hora é menor. Na Pensilvânia, por exemplo, 11% dos eleitores estavam indecisos a uma semana da votação em 2016. Agora, o número de indecisos é menor do que 5%. 

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