A Nobel da Paz Malala Yousafzai, que foi baleada pelo Taleban em 2012 enquanto voltava da escola, lançou no domingo, 17, uma carta aberta acompanhada de uma petição que apela aos novos governantes do Afeganistão para que permitam a volta de meninas às salas de aula.
Desde que os taleban tomaram o poder do país, em 15 de agosto, meninas estão impedidas de frequentar a escola, apesar das promessas de que fariam um governo mais moderado, diferente do regime de 20 anos atrás.
"Líderes em todos os lugares devem tomar medidas urgentes e decisivas para trazer todas as garotas afegãs de volta à escola. Para as autoridades do Taleban: vocês garantiram ao mundo que respeitariam os direitos das meninas e mulheres — mas estão negando a milhões o direito de aprender. Revertam a proibição e reabram escolas secundárias para meninas imediatamente", diz trecho da carta.
O documento também é assinado pelas ativistas pelos direitos das mulheres Zarqa Yaftali e Shaharzad Akbar. Em menos de 24h, a petição já soma mais de 660 mil apoiadores.
Em agosto, as taleban disseram que permitirão o regresso de mulheres às escolas assim que tiverem garantido a segurança e a estrita separação dos homens, de acordo com a sua interpretação da lei islâmica. No entanto, muitos são céticos.
Na carta, Malala apelou aos líderes das nações muçulmanas para que deixem claro ao Taleban que “a religião não justifica que se impeça meninas de irem à escola” e ao G-20 para que os líderes das 20 maiores economias do mundo providenciem financiamento urgente para um plano de educação para as crianças afegãs.
“O Afeganistão é agora o único país do mundo que proíbe a educação de meninas. Líderes em todos os lugares devem tomar medidas urgentes e decisivas para trazer todas as garotas afegãs de volta à escola”, destacam as signatárias.
Malala foi baleado por militantes do Taleban no Paquistão, quando tinha 15 anos. Após sobreviver ao atentado, ela foi retirada do país com sua família e levada ao Reino Unido, onde vive desde então. Os médicos retiraram a bala de seu cérebro e, depois de se recuperar, ela voltou à escola, terminou o colegial e começou a cursar filosofia, política e economia na Universidade de Oxford.
Agora, aos 24 anos, sendo uma das principais ativistas de sua geração, ela defende a educação de meninas por meio da Fundação Malala, que já investiu US$ 2 milhões no Afeganistão. / AFP
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