NOVA YORK - Os protestos em massa contra a violência policial contra negros americanos que são realizados em pelo menos 75 cidades dos Estados Unidos estão causando o temor de que as manifestações provoquem novas ondas de contaminações pelo coronavírus.
A prefeita de Atlanta, Keisha Lance Bottoms, disse à rede CNN que ela teme que os protestos possam aumentar as infecções entre a comunidade negra, que já vem sendo desproporcionalmente afetada pela covid-19 nos Estados Unidos. A taxa de morte entre os negros americanos é o dobro da dos brancos. Os lockdown também causaram mais problemas econômicos entre os negros.
“Fico extremamente preocupada em ver essas multidões reunidas”, disse Bottoms. “Veremos o resultado disso nas próximas semanas.”
Larry Hogan, governador republicano de Maryland, também manifestou sua preocupação e disse à CNN que “milhares de pessoas reunidas de forma tão próxima” pode levar a um aumento dos casos.
O doutor Ashish Jha, professor de saúde global na Escola de Saúde Pública T.H. Chan, de Harvard, pediu aos manifestantes que continuem adotando as medidas de segurança, entre elas usar máscara e manter o distanciamento social.
“A questão é como podemos protestar de forma segura”, disse o dr. Jha. “Acho que usar máscara é uma parte importante disso”, acrescentou.
O doutor Theodore Long, que está liderando os esforços da Prefeitura de Nova York e dos hospitais públicos, pediu a todos que participaram das manifestações que se submetam ao teste para saber se contraíram o novo coronavírus.
Mais de 100 mil pessoas morreram de covid-19 nos EUA e cerca de 40 milhões de pessoas estão sem trabalho. Os efeitos econômicos e de saúde da pandemia afetaram desproporcionalmente as minorias raciais e os imigrantes. Os trabalhadores negros e latinos foram os mais afetados pelo desemprego. Além disso, a maioria tem trabalhos que não podem ser feitos remotamente, então não conseguem cumprir o isolamento social.
Os protestos também podem afetar os planos de reabertura em todo o país. O prefeito do Condado de Miami-Dade, Carlos Gimenez, disse que os protestos o levaram a manter as praias locais fechadas, em vez de abri-las nesta segunda-feira como programado. / NYT
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