Centenas de manifestantes iraquianos, a maioria deles apoiadores do líder xiita Moqtada al-Sadr, invadiram nesta quarta-feira, 27, o Parlamento em Bagdá, capital do Iraque, para protestar contra a indicação de primeiro-ministro feita por partidos rivais de Al Sadr e apoiados pelo Irã.
Segundo a TV Al Jazeera, nenhum deputado estava presente no momento que os manifestantes entraram no prédio. Eles estiveram durante quase duas horas no local, localizado na chamada Zona Verde, a área mais protegida de Bagdá. Após Al Sadr instruí-los pelo Twitter a saírem, os iraquianos deixaram o prédio.
Os protestos são contra a candidatura de Mohamed Chia al-Sudani, ex-ministro e governador provincial, ao cargo de primeiro-ministro. O nome dele foi indicado pelo Marco de Coordenação, coalizão de partidos xiitas pró-Irã, que inclui o partido do ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki e representantes do Hashd al-Shaabi, ex-paramilitares integrados às forças do Estado.
A coalizão inclui oponentes de Moqtada al-Sadr, incluindo Nuri al-Maliki. O bloco de Al Sadr conquistou 73 cadeiras nas eleições de outubro de 2021 no Iraque, tornando-se o maior partido do Parlamento, que conta com 329 representantes. Entretanto, desde as eleições parlamentares, Al Sadr deixou o processo político.
As manifestações são consequências e reforçam o impasse político estabelecido no país há dez meses, desde as eleições parlamentares. As negociações para formar o governo e nomear o primeiro-ministro não avançam, e o país está a um recorde de 290 dias sem chefe de governo.
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O Iraque é um país multirreligioso no qual as mesmas figuras políticas dominam a vida pública desde 2003, quando o presidente Saddam Hussein foi derrubado.
O atual primeiro-ministro, Mustafa al-Kazimi, no cargo desde 2020, exortou os manifestantes a “retirar-se imediatamente” da Zona Verde e alertou em comunicado que as forças de segurança “garantiriam a proteção das instituições estatais e missões estrangeiras, e impediriam qualquer violação da segurança e ordem”.
De acordo com relatos da agência France Presse, alguns manifestantes saíram feridos do edifício invadido, após bombas de gás lacrimogêneo serem disparadas. /AFP