Manifestantes invadem aeroporto de Arequipa; número de mortos em protestos no Peru sobe para 54

Opositores de Dina Boluarte organizam dia nacional de protestos para pedir renúncia e eleições gerais

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Por Redação

Manifestantes peruanos invadiram nesta quinta-feira, 19, o aeroporto internacional de Arequipa, a segunda maior cidade do Peru, e entraram em confronto com os policiais no local. A invasão é parte dos protestos que exigem a renúncia da presidente Dina Boluarte.

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Após horas de conflito, os militares conseguiram repelir os manifestantes do aeroporto, segundo o Ministério do Interior do Peru. A reportagem da agência EFE afirma que um avião e veículos blindados das Forças Armadas foram enviados ao local para reforçar o controle peruano no local.

Os conflitos em Arequipa causaram a morte de pelo menos mais uma pessoa, aumentando para 54 o número de vítimas fatais por conta dos confrontos com a polícia nacional. “Lamentamos a morte de uma pessoa durante os confrontos na ponte Añashuayco, localizada no norte da cidade (de Arequipa)”, afirmou a Ouvidoria Pública no Twitter, antes de pedir ao Ministério Público uma rápida investigação dos fatos “a fim de apurar responsabilidades”.

Policiais peruanos disparam gás lacrimogêneo em manifestantes na região de Arequipa para proteger perímetro do aeroporto da cidade, nesta quinta-feira, 19. Manifestantes pedem renúncia da presidente Dina Boluarte e convocação de eleições gerais no país, após destituição de Pedro Castillo Foto: Jose Sotomayor / AP - 19/01/2023

Em Lima, onde milhares de manifestantes chegaram nos últimos dias do interior do país, são registrados confrontos com a polícia no centro da capital. Os manifestantes são partidários do ex-presidente Pedro Castillo, preso após uma tentativa de golpe de Estado em dezembro.

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Segundo o jornal peruano El Comercio, cerca de 200 pessoas invadiram o aeroporto de Arequipa depois de quebrarem a cerca de metal, munidos de pedras e pedaços de madeira. As operações do aeroporto estavam suspensas desde às 13h (horário de Brasília, 11h em Lima) por decisão do Ministério dos Transportes, que temia uma invasão. “Esta ação é levada a cabo para salvaguardar a integridade dos cidadãos e a segurança das operações aeronáuticas”, anunciou a pasta.

A região de Arequipa, no sul peruano, foi palco de confronto entre manifestantes e a Polícia Nacional nesta quinta-feira, no início de um dia nacional de protestos destinados a fazer uma passeata por Lima para exigir a renúncia. Trabalhadores da construção civil bloquearam uma das entradas da cidade, na ponte de San Isidro, e entraram em conflito com os policiais quando estes chegaram para desobstruir a área com o uso de gás lacrimogêneo, de acordo com a estação de rádio “RPP”.

Como resultado do confronto, três manifestantes foram feridos e levados para o hospital regional de Arequipa, acrescentou a emissora.

Cusco

Horas após os conflitos em Arequipa, o Ministério do Interior também decidiu fechar o aeroporto de Cusco, porta de entrada para Machu Picchu, de forma preventiva. “O Ministério dos Transportes e Comunicações informa que, como medida preventiva, o Aeroporto Internacional Alejandro Velasco Astete em Cusco suspenderá temporariamente as suas operações”, anunciou no Twitter.

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Centenas de cidadãos têm percorrido as principais ruas da cidade como parte da paralisação nacional. No entanto, não foram registradas até a noite desta quinta-feira invasões ou tentativas de invasões no aeroporto, como em Arequipa.

Atos em Lima

Em Lima, milhares de peruanos chegaram à cidade nas últimas horas para uma passeata nacional apelidada de “A Tomada de Lima”. Os manifestantes – em sua maioria grupos indígenas, camponeses e estudantes — viajam principalmente das regiões de Cusco, Ayacucho, Cajamarca, Puno e Apurimac convocados pela Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru.

Essas regiões, juntas, deram mais de 70% dos votos para o ex-presidente Pedro Castillo nas eleições que o levaram ao poder em 2021, retrato das divisões entre a capital e o interior do país.

As forças de segurança foram postas em alerta máximo, e a presidente Boluarte pediu que os protestos não se transformem em atos violentos — apelo repetido pela Defensoria do Povo. A Polícia Nacional do Peru anunciou 11,8 mil agentes mobilizados para controlar as manifestações convocadas para esta quinta-feira.

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Além das marchas na capital, a paralisação também gerou bloqueios em 127 pontos do país e manifestações em várias regiões.

As manifestações pedem a renúncia da presidente Dina Boluarte, que assumiu o poder em dezembro após a destituição e prisão de Pedro Castillo por tentativa de golpe de Estado, e a convocação de uma Assembleia Constituinte. Boluarte é a sexta presidente peruana em menos de cinco anos e passou a ser investigada por genocídio após as mortes nos protestos. Os manifestantes alegam que ela usurpou o poder.

Frente à crise social, a rodada inaugural do campeonato de futebol nacional, o Apertura 2023, foi adiada. O primeiro jogo estava previsto para a tarde de sábado, uma partida entre o Sporting Cristal e o Deportivo Cantolao em Lima. A suspensão vale ao menos até 23 de janeiro e almeja “prevenir e evitar riscos que afetem a segurança e a integridade física das pessoas”.

Mortes

Com a continuidade das manifestações, o número de peruanos mortos aumentou nesta quinta-feira.

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Mais cedo, na região de Puno, um homem morreu nesta quinta-feira no Hospital San Martín de Porres, onde estava sendo tratado após os confrontos ocorridos nesta quarta-feira, 18. A vítima foi identificada como Salomón Valenzuela Chua, de 30 anos. /EFE, AFP, NYT

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