JERUSALÉM - Em Israel, famílias aumentam a pressão sobre o governo Binyamin Netanyahu e cobram ações para que os 240 reféns sequestrados pelo Hamas sejam libertos. A marcha que reúne milhares de pessoas partiu de Tel-Aviv com o lema “tragam eles para casa agora” e chegou a Jerusalém neste sábado, 18, após cinco dias de caminhada. Foi o maior protesto desde que os israelenses foram arrastados para Faixa de Gaza no ataque terrorista de 7 de outubro.
O governo de Israel afirma ter dois objetivos: derrotar o Hamas e libertar os reféns. Entre os familiares, no entanto, alguns temem que a ofensiva militar em Gaza coloque em perigo a vida das pessoas que foram sequestradas pelos terroristas. Já os líderes israelenses argumentam que apenas a pressão militar sobre o Hamas conduzirá à libertação de reféns no acordo por um cessar-fogo temporário.
“Estamos mais perto [do acordo] do que antes de começarmos a ação terrestre”, disse Netanyahu à rede CBS na sexta-feira. “A ação terrestre pressionou o Hamas de alcançar um cessar-fogo. Teremos um cessar-fogo se conseguirmos nossos reféns. Não creio que sirva aos propósitos se aprofundar nisso”, acrescentou.
Netanyahu não recebeu os manifestantes. Outros membros do Gabinete de Guerra de Israel - o ex-líder da oposição Benny Gantz e o ex-chefe do exército Gadi Eisenkot - devem se reunir na noite deste sábado com representantes dos reféns.
O protesto ocorreu em meio a especulações de que o Gabinete de Guerra está considerando um acordo mediado pelo Catar para obter a libertação das mulheres e crianças reféns. Em troca, Israel concordaria com um cessar-fogo de vários dias e libertaria dezenas dos milhares de prisioneiros palestinos que mantém.
Desde o início da guerra, cinco reféns foram liberados - quatro deles por intercessão da diplomacia internacional envolvendo o Catar e um resgatado pelas tropas israelenses. Nesta semana, o governo de Israel confirmou a morte de dois reféns.
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Netanyahu sob pressão interna e externa
Além da pressão interna para que os reféns voltem para casa em segurança, o governo também enfrenta uma crescente pressão internacional para atenuar o drama dos civis na Faixa de Gaza. Neste sábado, o chanceler alemão, Olaf Scholz, destacou que essa uma “necessidade urgente” em conversa por telefone Biynamin Netanyahu.
“Um cessar-fogo humanitário poderia contribuir para uma melhoria considerável no atendimento à população (de Gaza)”, afirma a nota do governo alemão sobre a conversa entre os chefes de Governo. Netanyahu, por sua vez, disse que Israel tem tentado proteger os civis no enclave e acusou o Hamas de “combater” esse esforço.
O conflito foi desencadeado pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1.200 pessoas e levou mais 240 como reféns. Do lado palestino, a represália israelense deixou mais de 12 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas./AP e AFP
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