CARACAS - A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado disse nesta segunda-feira, 29, ter provas de que que o candidato oposicionistas, Edmundo González Urrutia, é o presidente eleito do país e a ditadura Nicolás Maduro fraudou o resultado da eleição. Segundo ela, os militantes da oposição que trabalhavam como fiscais de urna conseguiram atas de quase 73% das sessões eleitorais.
Ela convocou um protesto pacífico amanhã em toda Venezuela contra Maduro. Hoje, manifestações espontâneas eclodiram em vários pontos do país. O chavismo também deve mobilzar sua militância amanhã, o que aumenta o risco de enfrentamentos.
Machado declarou que tem como “provar a verdade”, indicando que as provas serão liberadas ao longo da noite, e convocou os apoiadores a demonstrar que são maioria.
No domingo, o órgão controlado pelo chavismo, proclamou Maduro como vencedor do pleito com 51,2% dos votos contra 44,2% de González. A oposição, porém, afirma que venceu com 70% dos votos com base nas atas já disponibilizadas.
“Temos 73,20% das atas e, com esse resultado, nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia”, declarou María Corina Machado em entrevista coletiva no início da noite desta sexta-feira. Ela afirmou que as atas analisadas mostram que o oposicionista teve 6.275.180 votos contra 2.759.256 do ditador venezuelano.
No fim da noite de segunda-feira, a líder da oposição divulgou em suas redes sociais que já estava disponível um site criado para disponibilizar as atas de apuração que a oposição tem em seu poder.
“Venezuelanos, através deste link vocês podem ver como, com seu voto e sua vontade, vocês mudaram a história da Venezuela. Aqui vocês encontrarão os resultados que processamos e totalizamos até agora, e que confirmam nossa extraordinária vitória”, disse Machado.
No início da madrugada desta terça-feira, o site, resultadospresidencialesvenezuela2024.com, quando consultado pelo Estadão, aparentava estar fora do ar.
González, por sua vez, disse que seu triunfo é “categórico e matematicamente irreversível”, criticou o CNE por divulgar o resultado de forma prematura, pediu “calma e firmeza” aos manifestantes que foram às ruas protestar e agradeceu a comunidade internacional que cobra transparência ao governo Maduro.
O Itamaraty disse que aguarda a publicação dos dados desagregados por mesa de votação pelo Conselho Nacional Eleitoral, o que classificou como “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. Assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim se reúne com González na noite desta sexta-feira. Mais cedo, ele se encontrou com Maduro.
Leia mais
Outros países sul-americanos foram mais incisivos do que o Brasil: o Chile disse que o resultado divulgado é “difícil de acreditar” e o presidente da Argentina, Javier Milei, disse que houve “fraude eleitoral”. O governo venezuelano anunciou a expulsão do pessoal diplomático desses dois países, assim como da Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Juntamente com Equador, Guatemala e Paraguai, as nações expressaram profunda preocupação com o desenvolvimento das eleições e exigiram a revisão completa dos votos, com a presença de observadores eleitorais independentes. Também anunciaram que solicitariam uma reunião urgente do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) “para emitir uma resolução que salvaguarde a vontade popular”.
Seus embaixadores foram expulsos da Venezuela por ordem de Maduro. /COM AFP E AP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.