María Corina Machado ignora impedimento e insiste em ser candidata da oposição na Venezuela

Líder opositora afirma se considerar o ‘Plano A’ para disputar as eleições contra Nicolás Maduro; Controladoria inabilitou política a disputar cargos públicos

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Por Redação

SAN ANTONIO DE LOS ALTOS – A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, declarou se considerar o “Plano A” para disputar as eleições contra Nicolás Maduro mesmo inabilitada para participar da disputa. Antes de um evento em Santo Antonio de Los Altos, vizinha à Caracas, Corina insistiu em ser a candidata opositora e se recusou a informar que nomes ela apoiaria no pleito. “Sempre lutamos pelo plano A”, declarou à agência France-Press nesta quinta-feira, 18.

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A insistência da opositora acontece em um calendário eleitoral apertado, a dois dias do prazo de consolidar as candidaturas. Depois do dia 20, qualquer mudança de candidatos não aparecerá na cédula de votação, o que pode atrapalhar as comunicações de campanha.

Favorita nas pesquisas e vencedora das primárias da oposição com 90% de votos, Corina lidera a coalizão Plataforma Unitária Democrática (PUD), que reúne a maioria dos opositores. Ante a impossibilidade real da opositora participar da eleição, os partidos que fazem parte da coalizão correm contra o tempo e discordam entre si para definir um nome.

Imagem mostra opositora venezuelana María Corina Machado durante comício em San Antonio de los Altos nesta quinta-feira, 17. Impedida de participar das eleições, Corina insiste em ser candidata da oposição Foto: Juan Barreto / AFP

Apesar de inabilitada, María Corina continua participando de comícios na Venezuela. Nesta quinta, centenas de pessoas se reuniram em uma rua de Santo Antonio de Los Altos para ouvir a política. “Coloquei a minha vida nas mãos de vocês”, disse aos apoiadores durante o evento, sem mencionar os bloqueios eleitorais e as divisões internas do PUD.

‘Tornamos possível o impossível’

María Corina Machado está inelegível por decisão da Controladoria da Venezuela, comandada pelo chavismo. Em um primeiro momento, ela nomeou a acadêmica Corina Yoris como substituta, mas esta não conseguiu se inscrever por motivos desconhecidos.

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A oposição inscreveu então Edmundo González Urrutia como candidato provisório, com a intenção de trocá-lo antes da eleição.

Enquanto isso, María Corina continua com a expectativa de participar da eleição ou pelo menos ter alguém de sua confiança. “Temos até 10 dias antes das eleições para substituir uma candidatura”, declarou no evento desta quinta. “Se aprendi alguma coisa é que na Venezuela tornamos possível o impossível”.

A ditadura venezuelana descartou a possibilidade de incluir outros nomes além dos 13 já inscritos.

‘Há desconfiança’

A opositora também evita falar da candidatura do governador de Zulia, Manuel Rosales, que também se inscreveu para disputar a eleição contra Maduro. Rosales foi adversário do ex-presidente Hugo Chávez em 2006 e hoje é questionado a agir em defesa do chavismo, o que ele nega. “É um fato público e notório que há desconfiança na oposição”, disse Corina, sem citar o nome de Rosales.

Apesar do risco de não apoiar nenhum candidato, ela descarta qualquer ideia de boicote às eleições, como ocorreu em 2018, quando Nicolás Maduro foi reeleito. “Querem abstenção. O regime quer impor a abstenção através do medo, com candidatos que não são legítimos ou que não têm o apoio da sociedade venezuelana. São eles que querem provocar divisão”, declarou.

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“Eleições nas quais (...) o regime impõe o candidato obviamente não são eleições limpas e livres. Ou baixamos a cabeça ou lutamos por nossos direitos, por Justiça. Temos tempo, o povo está determinado, os venezuelanos querem votar”, acrescentou.

‘Ameaças brutais’

Corina Machado denuncia perseguição política. Sete membros da sua equipe de campanha foram detidos, acusados de conspiração, somando-se aos 269 “presos políticos” contabilizados pela ONG Foro Penal.

Outros seis colaboradores, com mandados de prisão, refugiaram-se na residência da embaixada argentina. “Estamos convencidos de que o melhor para a Venezuela é uma transição negociada que implique eleições livres e justas, que é o que exigimos”, disse a opositora. “As ameaças são brutais contra mim, contra meu entorno e até contra minha família, mas seguirei até o final”, acrescentou. /AFP

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