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Sergio Mattarella nega pedido de demissão de Mario Draghi como premiê da Itália

Primeiro-ministro apresentou pedido de demissão ao Palácio do Quirinal, mas o presidente italiano indicou que Draghi fizesse uma nova tentativa de reorganização da coalizão no Parlamento

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Por Redação
Atualização:

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, negou o pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, nesta quinta-feira, 14. Após uma derrota simbólica no Senado italiano que enfraqueceu a coalizão de governo, Draghi apresentou pessoalmente o pedido de renúncia a Mattarella no Palácio do Quirinal, que a recusou e determinou que o premiê tente reorganizar a coalizão no Parlamento.

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Mais cedo, o primeiro-ministro perdeu o apoio do Movimento Cinque Stelle (M5S), um dos principais partidos da coalizão do governo, após a legenda abandonar a votação no Senado sobre um projeto de lei para aliviar os custos crescentes de energia. O governo venceu a votação mesmo sem o apoio do M5S, mas saiu dela enfraquecido politicamente.

Draghi anunciou que pediria demissão em uma reunião com o Conselho de Ministros. Em um comunicado divulgado por seu gabinete, o premiê afirma que “o pacto de confiança” que formou seu governo foi quebrado.

“As votações de hoje no Parlamento são muito significativas do ponto de vista político. A maior parte da unidade nacional que apoiou este governo desde a sua criação já não existe mais. O pacto de confiança subjacente à ação do governo falhou”, disse Draghi, que já foi visto pela imprensa italiana no Palácio do Quirinal, residência oficial do presidente.

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, anunciou que apresentará sua carta de demissão nesta quinta, após perder o apoio de um dos partidos de sua coalizão. Foto: Lukas Barth/ REUTERS

Ex-presidente do Banco Central Europeu, Draghi conseguiu trazer certa estabilidade política à Itália durante a pandemia ao chefiar um governo tecnocrático, com apoio da maioria dos partidos.

Draghi foi convidado em fevereiro de 2021 pelo presidente da República para liderar uma coalizão heterogênea que reúne quase todos os partidos representados no Parlamento - a exceção do partido de extrema direita Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), que permaneceu na oposição, desponta nas pesquisas eleitorais e que está exigindo que Mattarella dissolva o Parlamento e deixe os italianos irem às urnas.

Após o anúncio do primeiro-ministro, a líder do Fratelli d’Italia, Giorgia Meloni, pediu celeridade para a convocação de novas eleições. “Sem brincadeiras, este governo acabou”, disse Meloni, segundo o registro do Corriere della Serra. Ela completou: “Agora vamos à votação, estou pronto para governar. Queremos vencer o Partido Democrata, espero que os outros partidos de centro-direita também”.

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O mandato do Parlamento expira em 2023. Se Mattarella não conseguir encontrar uma solução para que o governo de Draghi possa continuar, espera-se que ele dissolva a legislatura e convoque eleições antecipadas, que podem ocorrer no final de setembro.

O M5E venceu as eleições de 2018 com 32% dos votos, mas atualmente enfrenta uma crise interna após muitos de seus parlamentares terem emigrado para outros partidos. O ex-líder da sigla e ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, chegou a fundar um novo partido, o Juntos pelo Futuro (IPF), e tenta ganhar visibilidade antes das eleições legislativas marcadas para o início do próximo ano.

Prenúncio de crise

O grau de incerteza sobre a continuidade do governo aumentou na noite de quarta-feira, 13, quando ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte, líder do Movimento 5 Estrelas (M5E), partido antissistema mais votado nas eleições passadas e que aderiu ao governo de coalizão de Draghi durante a pandemia, anunciou que seus partidários boicotariam a votação. A justificativa é que o projeto incluiu uma autorização para se construir um incinerador de lixo em Roma, medida que o partido se opõe energicamente por considerar cara, poluente, ineficiente e ultrapassada tecnologicamente.

Durante a votação do projeto na Câmara dos Deputados, na semana passada, o M5E votou a confiança no governo separadamente do decreto-lei, abstendo-se na segunda. No entanto, as regras são diferentes no Senado, onde ambas as questões precisam ser votadas juntamente.

Embora o governo ainda não tenha pedido formalmente a votação da confiança, o ministro das Relações Parlamentares, Federico D’Inca, um representante do M5E que se opôs à decisão de Conte, disse que Draghi de fato vincularia a sobrevivência de sua coalizão ao projeto de alívio financeiro - que inclui redução de impostos sobre a gasolina e o óleo diesel, além de estender a desoneração das contas de serviços públicos.

Votação nesta quinta-feira, 14, no Senado italiano sacramentou a decisão de Draghi de apresentar um pedido de demissão ao presidente Sergio Mattarella. Foto: Gregorio Borgia/ AP - 14/07/2022

Sem os votos do Movimento 5 Estrelas, o projeto de lei poderia reunir apoio suficiente para ser aprovado. Mas mesmo sem enfrentar um voto de confiança, Draghi poderia tentado a renunciar. Anteriormente, o premiê declarou em várias ocasiões que sem o apoio dos antissistemas encerraria o seu mandato.

“Estar em um governo não é como pegar um cardápio e decidir ‘antepasto, não, gelato, sim’”, disse Emma Bonino, que lidera um pequeno partido pró-Europa.

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Outros observaram que Draghi se tornou uma figura central na Europa, enquanto a Rússia trava guerra contra a Ucrânia, especialmente com a queda do primeiro-ministro britânico Boris Johnson. Um aliado do líder de centro-direita Silvio Berlusconi, o ex-primeiro-ministro italiano, argumentou no Senado que um colapso do governo de Draghi poderia desencadear “a desestabilização da Europa”. / AP e AFP

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