Mais de 100 pessoas foram mortas em um massacre que durou dois dias em um dos bairros mais pobres de Porto Príncipe, capital do Haiti. Os assassinatos teriam ocorrido a mando de Monel Felix, líder de uma gangue local, após um padre afirmar que o vodu era responsável pela doença de seu filho, que morreu na tarde do último sábado, 7. As informações são da National Human Rights Defense Network (RNDDH).
Estima-se que 110 pessoas foram mortas durante o massacre, que começou na noite da sexta-feira, 6. Elas eram moradoras da seção Wharf Jeremie da favela de Cité Soleil, uma das maiores da capital haitiana. O alvo foram pessoas adultas praticantes de vodu.
Um morador relatou que, em algumas casas, eram assassinadas de cinco a seis pessoas de uma só vez. O número de vítimas, das quais 60 foram mortas na sexta e 50 no sábado, é preliminar. Pierre Espérance, diretor executivo da RNDDH, disse que o número de mortos confirmados provavelmente aumentaria. “Testemunhos da comunidade sugerem que o número real de mortos é muito maior, pois corpos mutilados foram queimados nas ruas”, disse ele em um comunicado.
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Wharf Jeremie é um dos redutos de gangues mais impenetráveis da capital do Haiti. A falta de presença policial atrasou o relato do massacre, afirmam especialistas que acompanhavam os acontecimentos.
O vodu, que se originou na África Ocidental, é uma das religiões oficiais do Haiti. Seus praticantes acreditam que todos os seres vivos têm espíritos, incluindo animais e plantas. Trazido ao Haiti por escravos, o vodu coexiste no país com o cristianismo como uma das várias religiões reconhecidas.
Essa não é a primeira vez que Monel Felix é acusado de matar idosos que praticam vodu. Acredita-se que ele tenha sido responsável pelos assassinatos em 2012 de 12 praticantes idosas. Sobre o caso mais recente, ele nem pode ser contatado para comentar nem realizou qualquer tipo de declaração pública sobre os assassinatos. /NYT
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