Mauro Vieira diz que ‘não conhece’ embaixador de Israel após diplomata se encontrar com Bolsonaro

O chanceler também chamou de “desinformação” a versão de que o ex-presidente teria exercido papel na intermediação do resgate de brasileiros na Faixa de Gaza

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Foto do author Iander Porcella
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou neste domingo, 12, que “não conhece” o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine. A declaração foi dada após ele ser questionado sobre o encontro do israelense com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O chanceler também chamou de “desinformação” a versão de que Bolsonaro teria exercido papel na intermediação do resgate de brasileiros na Faixa de Gaza.

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“Eu posso dizer que todo o esforço para a libertação dos brasileiros, desde o início, foi feito pelo governo do presidente Lula, por instrução dele, acompanhamento diário”, disse Vieira, em entrevista coletiva de imprensa no Itamaraty. “Eu fui o interlocutor de todos os contatos com todos os governos envolvidos, e foi isso que resultou na conclusão exitosa desse acordo entre todos os países envolvidos. Isso é o que eu posso dizer, isso é o que existe. Além disso, eu acho que é desinformação”, emendou.

Quando jornalistas perguntaram se há um mal-estar entre o governo brasileiro e o embaixador de Israel, e se o Itamaraty estuda fazer alguma reclamação formal a Tel-Aviv após o encontro do diplomata com Bolsonaro, o ministro evitou comentar o assunto. Mas, ao voltar a ser questionado sobre o embaixador, o chanceler apenas respondeu: “Não conheço.”

O chanceler do Brasil, Mauro Vieira, participa de coletiva de imprensa em Brasília, Brasil  Foto: Evaristo Sa/AFP

Em entrevista à Globonews na sexta-feira, 10, Vieira já havia dito que “não fala” com Zonshine, mas com o “chefe dele”, que é o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen. Na quarta-feira, 8, Bolsonaro havia se reunido na Câmara com deputados do PL e o embaixador. Depois do encontro, bolsonaristas começaram a atribuir ao ex-presidente o andamento das negociações para a retirada dos brasileiros de Gaza.

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“Quando temos um pigmeu diplomático no poder, os outros é que têm que fazer o serviço dele. Nem a proximidade (ou seria amizade?) de Lula e seu assessor Celso Amorim com os terroristas do Hamas serviu para algo”, escreveu o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no X, ao publicar declarações de Bolsonaro de que teria intermediado a saída dos brasileiros da região de conflito.

A ofensiva bolsonarista foi rebatida pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que também criticou o embaixador de Israel. “É nojenta a maneira como Bolsonaro e seus aliados tentam se aproveitar do drama dos brasileiros (as) ameaçados pelo massacre da população civil de Gaza”, escreveu a petista no X.

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, participa de coletiva de imprensa em Brasília, Brasil  Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Em nota, a embaixada de Israel disse que Bolsonaro apareceu sem ser convidado na reunião da Câmara. “A reunião de ontem no Congresso Nacional teve como intenção mostrar as atrocidades do 7 de outubro cometidas pelos terroristas do Hamas. Um material muito bruto e sensível. Convidamos parlamentares e apenas parlamentares. A presença do ex-presidente não foi coordenada pela Embaixada de Israel e não era de nosso conhecimento antes da reunião”, diz o texto.

Brasileiros

Um grupo de 32 brasileiros e familiares que estavam na Faixa de Gaza, em meio à guerra entre o grupo terrorista Hamas e Israel, chegou hoje ao Egito, onde foram recebidos pela equipe da Embaixada do Brasil no Cairo, capital egípcia.

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A saída dos brasileiros de Gaza ocorreu neste domingo após diversas tentativas frustradas. De acordo com o Itamaraty, eles passaram pelo controle migratório palestino em Gaza e também pelo do Egito. Agora, encontram-se a caminho do Cairo. Duas pessoas do grupo inicial de 34 nomes desistiram da repatriação.

De acordo com Vieira, a viagem terrestre até a capital egípcia dura cerca de seis horas. A previsão, segundo ele, é que o voo da Força Aérea Brasileira (FAB) com os resgatados decole do Egito nesta segunda-feira, 13, por volta do meio-dia pelo horário local, em direção ao Brasil.

Foto dos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza e conseguiram sair do enclave palestino neste domingo, 12 Foto: Embaixada do Brasil na Palestina/Estadão

Ao ser questionado se a demora na liberação da passagem dos brasileiros em Gaza gerava desconforto do governo brasileiro com Israel, Vieira respondeu que as circunstâncias eram “complexas e difíceis” por se tratar de uma região de guerra.

“O que eu posso dizer é que contamos tanto do lado de Israel quanto do Egito com boa vontade, tentando solucionar a questão como aconteceu no dia de hoje. Se não aconteceu antes, não foi só com o Brasil, foi com todos os outros países”, afirmou.

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Ele disse que a situação dos brasileiros em Gaza está “momentaneamente” resolvida, mas que a situação no Oriente Médio é “gravíssima”. De acordo com o chanceler, Lula continua “muito envolvido” em encontrar uma solução para o conflito.

Vieira também confirmou que o presidente da República manifestou interesse em receber os brasileiros que chegarão de Gaza, mas ponderou que a ida do petista à Base Aérea de Brasília dependerá do horário da chegada do avião presidencial enviado para o resgate./Broadcast Estadão

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