‘Me declarei culpado por ter feito jornalismo’, diz Julian Assange ao Conselho da Europa

Fundador do WikiLeaks deu primeira declaração sobre o caso após ter passado 14 anos preso

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Por Redação
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O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse nesta terça-feira, 1º de outubro, perante o Conselho da Europa que foi libertado depois de se declarar “culpado por ter feito jornalismo”, na primeira declaração desde a libertação, em junho, de uma prisão no Reino Unido.

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“Hoje não estou livre porque o sistema funcionou, mas porque, depois de anos de prisão, me declarei culpado de ter feito jornalismo”, disse Assange, que passou os últimos 14 anos preso entre a embaixada do Equador em Londres e a prisão britânica.

Assange, de 53 anos, quebrou o silêncio pela primeira vez desde a sua libertação em junho da prisão de Belmarsh, em Londres, perante uma comissão do Conselho da Europa em Estrasburgo, no nordeste de França, que examinou as condições e o impacto da sua detenção.

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, dá depoimento no Conselho da Europa em Estrasburgo, leste da França Foto: Pascal Bastien/AP

A libertação ocorreu ao abrigo de um acordo com o sistema de justiça dos Estados Unidos, no qual se declarou culpado de obter e divulgar informações sobre defesa nacional, incluindo relatos de execuções extrajudiciais e informações sobre aliados.

“Eu me declarei culpado de buscar informações de uma fonte e me declarei culpado de informar o público sobre a natureza dessas informações. Não me declarei culpado de nenhuma outra acusação”, disse o australiano.

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Declarado um homem livre pela justiça americana, Assange voltou à Austrália e se reencontrou com a sua família. Desde então ele não tem sido muito visto, embora o WikiLeaks e sua esposa Stella, que o acompanha em seu depoimento, tenham divulgado algumas informações. Na quarta-feira, 25, a organização explicou que o testemunho perante o Conselho da Europa aconteceu “dada a natureza excepcional do convite” apesar de “ainda estar se recuperando após a sua libertação”.

Assange disse esperar que o testemunho possa “ajudar aqueles cujos casos são menos visíveis, mas que são igualmente vulneráveis”, e denunciou que há cada vez mais “mais impunidade, mais sigilo, mais retaliação” contra aqueles que dizem “a verdade” e " mais autocensura.”

O Conselho da Europa é uma organização de 46 países não ligados à União Europeia dedicada à promoção dos direitos humanos no continente. Entre as suas organizações está a Assembleia Parlamentar e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

A Assembleia Parlamentar vai debater na próxima quarta-feira um relatório, elaborado pelo parlamentar islandês Thorhildur Sunna Aevarsdottir, que considera “desproporcionais” as ações judiciais e as sentenças contra o australiano, que descreve como “prisioneiro político”. /AFP

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