OSLO ― Um homem russo que se apresenta como um ex-mercenário do Grupo Wagner, milícia paramilitar que tem ligações com o Kremlin, conseguiu fugir para a Noruega após cruzar a fronteira do país pelo Ártico, onde pretende pedir asilo político, segundo informações de seu advogado.
Andrei Medvedev, de 26 anos, foi preso depois de cruzar a fronteira norueguesa de maneira irregular na madrugada de sexta-feira, 13, disse o advogado norueguês Brinjulf Risnes. “Ele está disposto a falar de sua experiência no Grupo Wagner com as pessoas que investigam crimes de guerra”, afirmou.
Em uma entrevista publicada pela ONG Gulagu, o suposto desertor explicou que seu contrato foi prorrogado contra sua vontade depois de vários meses de combates na Ucrânia servindo nas fileiras da milícia dirigida pelo empresário Yevgeni Prigozhin.
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“Meus antigos empregadores tentaram me encontrar, a sociedade Wagner, Prihozhin e sua turma, o FSB [serviço de segurança russo]. Lançaram uma operação de busca criminal [contra mim] através do Ministério do Interior”, disse.
“Estava sob ameaça de ser sequestrado, de ser assassinado (...), ou pior, de ser executado com uma martelada [na cabeça]”, disse Medvedev, fazendo referência a um outro desertor do Grupo Wagner, cuja morte foi gravada e difundida nas redes sociais em novembro.
O suposto desertor, se apresenta como o ex-chefe de um grupo de cerca de 10 homens. Ele disse que atravessou um rio gelado que separa a Rússia da Noruega com uma patrulha russa em sua perseguição.
“Ouvi um cachorro latindo, me virei e vi pessoas com lanternas a cerca de 150 metros de distância, correndo em minha direção”, explicou.
Saiba mais sobre o Grupo Wagner
“Ouvi dois tiros (...) corri no gelo com a ajuda da luz das casas durante cerca de 2 km”, disse.
Segundo seu advogado, o homem conversou com cidadãos noruegueses e explicou que havia atravessado a fronteira de forma irregular. A polícia o prendeu logo depois.
De acordo com Brinjulf Risnes, seu cliente decidiu não renovar seu contrato com o grupo Wagner após vivenciar “algo completamente diferente do que esperava”.
A AFP não pôde confirmar de forma independente que o jovem russo lutou como mercenário no grupo muito presente na África e suspeito de cometer vários abusos dos direitos humanos na Ucrânia./ AFP