O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou em uma coletiva diária na terça-feira, 27, que está pausando relações diplomáticas com as embaixadas dos EUA e do Canadá, depois que seus embaixadores criticaram sua proposta de eleger juízes por voto popular. De acordo com Obrador, a “pausa” é com as embaixadas e não com os países. Ele afirmou que as relações serão restabelecidas quando os diplomatas forem respeitosos com a independência do México e a soberania do seu país. As embaixadas dos EUA e do Canadá no México não comentaram. As informações são da CNN.
De acordo com a reportagem, a proposta de López Obrador para a reforma judicial é parte de um pacote de mudanças constitucionais que ele vem buscando, que ainda precisam ser aprovadas - na segunda-feira, 26, um comitê do Congresso aprovou a proposta, e agora ela requer aprovação de dois terços em ambas as câmaras do Congresso. As reformas incluem uma série de questões em áreas como pensões e setor energético, mas também incluem reformas judiciais e institucionais controversas, que, segundo os críticos, enfraqueceriam a separação de poderes e levariam ao desaparecimento de algumas agências reguladoras independentes, diz a CNN.
O embaixador dos EUA no México, Ken Salazar, disse na quinta-feira, 22, que acredita que uma “eleição popular direta de juízes é um grande risco para o funcionamento da democracia mexicana”. Salazar enfatizou que as reformas judiciais devem garantir que o judiciário seja fortalecido e não “sujeito à corrupção da política”. O embaixador também disse que a mudança pode impactar as relações comerciais EUA-México. Os EUA e o México são os principais parceiros comerciais um do outro, aponta a CNN.
O embaixador do Canadá no México, Graeme Clark, também alertou sobre as preocupações dos investidores devido às reformas judiciais propostas e expressou preocupação com o “desaparecimento” de alguns órgãos autônomos.
Após a coletiva de imprensa de López Obrador na terça-feira, Salazar publicou uma nota no X, antigo Twitter, reiterando as “preocupações significativas” que os EUA têm sobre a reforma judicial.
Vários legisladores dos EUA também expressaram sua preocupação na terça-feira, dizendo que a reforma judicial colocará em risco “interesses econômicos e de segurança críticos compartilhados pelas duas nações”, incluindo um pacto comercial regional, destaca a CNN. “Também estamos atentos que várias outras reformas constitucionais atualmente em discussão podem contradizer os compromissos assumidos no Acordo Comercial EUA-México-Canadá, cuja revisão está programada para 2026″, diz uma declaração do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA.
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A CNN ainda afirma que as reformas constitucionais incluem a eliminação de vários órgãos reguladores independentes e a fusão de outros que o governo alega estarem duplicando funções. López Obrador estaria tentando fechar o Instituto de Proteção de Dados Pessoais, regulador que iniciou uma investigação contra ele em fevereiro, após ele revelar o número de telefone pessoal de um jornalista do The New York Times.
O líder mexicano já havia rebatido as críticas às suas reformas planejadas, dizendo que ele está buscando “estabelecer direitos constitucionais e fortalecer ideais e princípios relacionados ao humanismo, justiça, honestidade, austeridade e democracia”.
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