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México prende Ovidio Guzmán, filho de ‘El Chapo’, e onda de violência se espalha por Sinaloa

Narcotraficante é acusado de liderar facção Los Menores, ligada ao Cartel de Sinaloa; criminosos trocam tiros e incendeiam veículos durante operação

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Por Redação
Atualização:

As autoridades mexicanas detiveram nesta quinta-feira, 5, o narcotraficante Ovidio ‘El Ratón’ Guzmán, filho do conhecido líder do narcotráfico do México, Joaquín ‘El Chapo’ Guzmán, durante uma operação em Cualicán, no noroeste do país. Ovidio foi capturado pelo Exército e pela Guarda Nacional, e sua prisão desencadeou intensos tiroteios entre criminosos e forças de segurança. Disparos atingiram um avião em um aeroporto na capital do Estado de Sinaloa e veículos foram incendiados em vários pontos da cidade, deixando um saldo de três agentes de segurança mortos e 18 feridos.

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Ovidio Guzmán é acusado de liderar a facção Los Menores, ligada ao Cartel de Sinaloa, segundo o secretário de Defesa mexicano, Luis Cresencio Sandoval. O pai, El Chapo, cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos.

A violência se espalhou para o Aeroporto Internacional de Culiacán, onde um avião de passageiros foi atingido por uma bala momentos antes de decolar, assim como uma aeronave da Força Aérea, informaram a Aeromexico e a Secretaria de Comunicações e Transportes. As operações no terminal aéreo foram suspensas e, de acordo com a rede britânica BBC, mais de 100 voos foram cancelados em três aeroportos no Estado.

Agente de segurança patrulha rua de Culiacán em veículo blindado. Foto: Fernando Llanov/ AP - 05/01/2023

A cidade também registrou saques em alguns bairros e pelo menos 19 pontos de bloqueio por pistoleiros. As autoridades suspenderam as aulas em instituições educacionais, um jogo da liga de futebol profissional e um jogo de beisebol.

A prisão acontece quatro dias antes da chegada ao México do presidente americano, Joe Biden, para participar da Cúpula dos Líderes da América do Norte. Os EUA ofereciam US$ 5 milhões pela captura do filho de El Chapo, conhecido como ‘El Ratón’, transferido após a prisão para uma penitenciária na Cidade do México em um avião da Força Aérea.

O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, descartou a extradição e negou que a captura seja um gesto do governo para agradar Biden. Segundo Ebrard, o pedido de prisão partiu de um processo no México no qual Ovidio é acusado. “O que vamos ver é um processo no México de acordo com a lei”, disse.

Caminhão é incendiado durante onda de violência em Culiacán. Foto: Martin Urista/ AP

A captura do narcotraficante de 32 anos provocou tiroteios entre criminosos e membros das forças de segurança em diversos pontos de Culiacán, capital do estado de Sinaloa. Um desses aconteceu próximo ao aeroporto internacional da cidade, com um avião de passageiros sendo atingido por uma bala pouco antes de decolar. Não houve registros de feridos neste incidente.

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Também foram registrados incidentes em uma penitenciária onde estão vários narcotraficantes estão presos.

O Cartel de Sinaloa - também conhecido como Cartel do Pacífico - é considerado pela agência antidrogas dos Estados Unidos, a DEA, como o principal responsável pelo tráfico de fentanil, droga 50 vezes mais potente que a heroína e que tem sido responsável por inúmeras mortes de overdose no país.

Ovidio já havia sido detido em 17 de outubro de 2019 em Culiacán, mas foi libertado por ordem do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, em meio ao caos provocado pela organização criminosa após sua captura. Na época, López Obrador defendeu a decisão, afirmando que um banho de sangue tinha sido evitado, pois contingentes militares estavam cercados por civis com armas de grosso calibre.

Comboio do Exército mexicano patrulha as ruas de Sinaloa. Foto: Martin Urista/ AP

Esta é a prisão mais importante de um traficante mexicano desde que Rafael Caro Quintero (o “Narco dos Narcos”), que liderou o extinto cartel de Guadalajara e é reivindicado pelos Estados Unidos, foi preso em 15 de julho.

A violência em Culiacán ocorreu paralelamente às operações em Ciudad de Juárez (norte, fronteira com os Estados Unidos), nas quais foi morto Ernesto Piñón, vulgo “El Neto”, que escapou junto com outros 24 prisioneiros de uma prisão naquela cidade no domingo passado.

Durante o assalto à prisão para resgatar Piñón e as operações destinadas a recapturar os fugitivos, pelo menos 26 pessoas morreram: 10 guardas prisionais, sete prisioneiros, dois policiais e sete supostos atiradores. “El Neto” liderou uma gangue associada a um cartel de drogas. /AFP

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