Migrantes enviados à ilha na Costa Leste dos EUA apresentam denúncia contra governador da Flórida

Ação coletiva afirma que grupo foi enganado ao ser atraído de abrigos com ‘promessas falsas de trabalho e assistência’

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Por Redação

Uma ação movida nesta terça-feira, 20, contra o governador da Flórida, Ron DeSantis, o acusa de enganar 50 imigrantes ao fazê-los entrar em um avião com destino à ilha de Martha’s Vineyard, no nordeste dos Estados Unidos, na semana passada.

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A ação coletiva – movida em Massachusetts pelo grupo Alianza Americas, de defesa dos direitos dos migrantes e por três venezuelanos que faziam parte do grupo – afirma que os migrantes foram retirados de abrigos do Texas com promessas falsas de trabalho e assistência.

Além das promessas, os migrantes receberam vales-presente de US$ 10 do McDonald’s antes de embarcarem num voo fretado. A ação considera que a atitude foi feita para atrair os migrantes. “Ao procurar os canais adequados para obter o status legal de imigração dos Estados Unidos, eles experimentaram crueldade semelhante à que fugiram em seu país de origem”, diz o texto, citando a crise social da Venezuela.

Imigrantes e ativistas de direitos humanos protestam contra envio de migrantes a ilha na Costa Leste dos EUA, em imagem desta terça-feira, 20 Foto: Crisobal Herrera / EFE

DeSantis, que se prepara para ser um possível candidato presidencial do Partido Republicano em 2024, acabou com o crédito de levar os imigrantes do Texas para a Martha’s Vineyard, uma ilha de luxo.

O processo também diz que ele e vários outros funcionários da Flórida também “interferiram de forma inadmissível no controle exclusivo do governo federal sobre a imigração para promover um objetivo ilegal e uma agenda política pessoal”. Os imigrantes foram apanhados em meio a uma disputa crescente entre governadores republicanos de Estados fronteiriços e autoridades do Partido Democrata.

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No Texas, um xerife, identificado como Javier Salazar, abriu uma investigação criminal para apurar possíveis irregularidades nos voos.

De acordo com Salazar, um migrante venezuelano parece ter sido pago para recrutar outros compatriotas que cruzaram a fronteira sudoeste dos EUA, na área ao redor de um centro de recursos migratórios em San Antonio. Os migrantes teriam sido “atraídos sob falsos pretextos” com promessas de trabalho e uma vida melhor, acrescentou.

“Eles tinham o direito de andar pelas ruas assim como você e eu, e tinham o direito de não serem enganados, tomados por tolos e serem transportados para o outro lado do país, apenas por causa de um golpe midiático”, disse o xerife democrata. “Isso é uma tragédia.”

Migrantes tinham viajado por dois meses

Os migrantes venezuelanos que foram levados para Martha’s Vineyard disseram que viajaram por mais de dois meses, cruzando o perigoso Estreito de Darién antes de continuar pela América Central e México.

Em entrevistas com repórteres, eles descreveram ter sido abordados em San Antonio por uma mulher bem vestida que se apresentou como Perla; ela distribuiu cartões-presente para restaurantes de fast-food e se ofereceu para levá-los a um “santuário” em Massachusetts.

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Depois que os migrantes chegaram inesperadamente a Martha’s Vineyard, voluntários e funcionários os receberam com comida e roupas e os abrigaram em uma igreja local. Alguns dias depois, os migrantes embarcaram em ônibus para um abrigo temporário na base militar de Cape Cod.

Taryn Fenske, diretora de comunicações de DeSantis, disse em um comunicado que os imigrantes estavam mais do que dispostos a deixar o condado de Bexar depois de serem abandonados lá. “A Flórida deu a eles a oportunidade de buscar ‘pastagens mais verdes’ em uma ‘jurisdição santuário’ que oferecia maiores recursos para eles”, disse ela.

Em Massachusetts, ela acrescentou, os migrantes receberam “acomodações, sustento, roupas e mais opções para ter sucesso após sua sedução injusta aos Estados Unidos, ao contrário dos 53 imigrantes que morreram em um caminhão encontrado abandonado no condado de Bexar em junho”.

O xerife disse que não descarta a possibilidade de trabalhar com autoridades estaduais e federais no caso criminal. Seu escritório ainda não entrevistou os migrantes, que agora estão na Costa Leste, e se comunicou principalmente com um dos advogados que os representam, acrescentou.

O xerife, que tem sido um crítico constante da resposta republicana à imigração ilegal, enfatizou que sua decisão de abrir a investigação não teve motivação política. “É fazer a coisa certa”, disse ele. /AFP, NYT

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