DACA, Senegal ― Os corpos de 27 migrantes que tentavam cruzar um trecho do Deserto do Saara no Chade foram encontrados nesta terça-feira, 13, anunciou a Organização Internacional para Migrações (OIM). De acordo com o braço das Nações Unidas para migrações, acredita-se que as pessoas, incluindo quatro crianças, tenham morrido de sede.
Os migrantes deixaram a cidade de Moussoro, no centro-oeste do Chade, há quase um ano e meio, segundo a OIM. Uma tentativa de remontar os acontecimentos indica que o grupo se perdeu no meio do deserto e o caminhão quebrou antes que os ocupantes conseguissem se orientar e retomar a rota planejada. A causa da morte foi sede, ainda de acordo com a organização.
“Estamos profundamente tristes com esta tragédia mais recente e estendemos nossas sinceras condolências às famílias dos migrantes”, disse Anne Kathrin Schaefer, chefe da missão da organização no Chade. “Precisamos de uma ação coletiva mais forte para evitar mais mortes.”
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Mais de 5.600 pessoas morreram ou desapareceram tentando cruzar o Deserto do Saara nos últimos oito anos, com 110 mortes de migrantes registradas no Chade, incluindo as mais recentes, disse a organização. Os números reais, no entanto, são considerados maiores, pois muitas mortes não são registradas. Este ano, quase 150 migrantes morreram no mesmo deserto.
Durante décadas, o Chade foi uma rota de trânsito para pessoas que tentavam chegar à Líbia e outros países do norte da África, de onde tentariam cruzar o Mar Mediterrâneo para chegar à Europa. Desde 2016, a pressão dos países da União Europeia para desencorajar a migração ilegal forçou os migrantes a seguir rotas mais perigosas, resultando em muitas mortes, dizem analistas de conflitos.
“Esses migrantes vêm do Sudão do Sul, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Nigéria, Camarões e outros países da região que estão dispostos a correr riscos com a esperança de chegar ao norte da África e, eventualmente, à Europa”, disse Rida Lyammouri, membro sênior do Policy Center for the New South, uma organização marroquina.
“Às vezes, eles precisam seguir rotas mais arriscadas para evitar as forças de segurança e os traficantes de pessoas e, às vezes, esse risco pode custar suas vidas”, completou./ AP