O presidente argentino, Javier Milei, enviou esta semana uma carta aos cinco chefes de Estado dos países que integram o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), informando sobre sua decisão de retirar a Argentina da lista de países que passaria a formar parte do grupo a partir de 1° de janeiro de 2024.
O documento foi enviado ao governo brasileiro através da embaixada do Brasil em Buenos Aires, mesmo procedimento usado para comunicar a decisão da Argentina aos demais integrantes do grupo.
A entrada da Argentina aos Brics foi decidida na última cúpula do bloco, realizada no final de agosto, na África do Sul. No mesmo encontro foi votada a incorporação da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Irã. Se Milei não tivesse enviado a carta, a Argentina passaria a ser membro do Brics no primeiro dia do ano.
Segundo o texto assinado por Milei, a entrada da Argentina no bloco não seria ‘oportuna’. “Algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revisadas. Entre elas, encontra-se a criação de uma unidade especializada para a participação ativa do país no Brics”, escreveu Milei no trecho principal da carta divulgada pelos veículos argentinos.
Quando o grupo aprovou a entrada da Argentina, Lula estava tentando apoiar o governo do ex-presidente peronista Alberto Fernández durante a campanha presidencial no país. O Palácio do Planalto apostou na eleição do também peronista Sergio Massa, derrotado nas urnas por Milei.
A expansão foi o principal resultado da 15ª Cúpula do Brics. O debate sobre a expansão do Brics, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, esteve no topo da agenda durante as reuniões em Johannesburgo. A cúpula termina nesta quinta.
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A escolha dos países se deu por meio de lista, atendendo a critérios políticos e de representatividade populacional, econômica e regional. A surpresa foi a inclusão de um sexto país, a Etiópia, que não constava na lista de prioridades apresentada por Rússia, China, Índia e África do Sul. O Brasil não fez uma lista, mas trabalhava a favor da Argentina.
Impulsionada pela China, a decisão é histórica e marca a primeira vez que o bloco é expandido em grupo. A única expansão anterior ocorreu 12 anos atrás, com o ingresso da África do Sul. /AFP e EFE
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