Milei fala em iniciar roteiro para retomar as Malvinas e pede reconciliação com as Forças Armadas

Em evento que homenageia os mortos na guerra ocorrida há 42 anos, presidente argentino reivindica soberania ‘sincera e inabalável’ das ilhas

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Por Redação

BUENOS AIRES - O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a falar em uma “reivindicação inabalável” de soberania sobre as Ilhas Malvinas e apelou aos argentinos para que se reconciliem com as Forças Armadas que, em 1982, durante a ditadura, declararam guerra ao Reino Unido pelo controle do arquipélago. A fala desta terça-feira, 2, dia que homenageia os mortos da guerra, marca uma mudança de tom do discurso oficial argentino.

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Em Buenos Aires, diante do memorial que homenageia os 649 argentinos mortos na guerra das Malvinas, Milei afirmou que “ninguém escuta ou respeita um país que só produz pobreza e cujos políticos desprezam as próprias Forças Armadas”.

“Não há soberania sem prosperidade econômica e não há prosperidade econômica sem liberdade”, disse o presidente libertário que prometeu impulsionar “uma reivindicação real e sincera [em relação às Malvinas], não meras palavras em fóruns internacionais sem impacto na realidade”.

O presidente Javier Milei e sua vice, Victoria Villarruel, durante evento que homenageia os mortos na guerra das Malvinas Foto: Luis Robayo/AFP

Ao lado de sua vice, Victoria Villarruel, filha de um veterano das Malvinas e que defende a revisão histórica da ditadura, o libertário citou o estabelecimento de “um roteiro claro para que as Malvinas retornem às mãos argentinas”. Mas, diferentemente dos governos peronistas anteriores, Milei evitou atacar Londres em seu discurso.

Segundo os jornais argentinos, a intenção de Milei é se aproximar de forma mais diplomática do Reino Unido, o que incluiria a retomada de voos para a ilha, além de acordos em matéria de pesca e hidrocarbonetos e também visando que os britânicos levantem o embargo às compras militares argentinas. Um diálogo que Mauricio Macri havia iniciado em 2016, mas foi interrompido pelo peronista Alberto Fernández.

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Tema caro aos argentinos, Milei citou poucas vezes a questão Malvinas desde que se tornou presidente. A reivindicação foi palco de batalhas com seu adversário, Sergio Massa, durante a campanha presidencial do ano passado. O peronista chegou a utilizar imagens de Margareth Thatcher geradas por Inteligência Artificial para acusar Milei de admirar “inimigos”.

Embora tenha prometido a retomada da ilha em outras ocasiões, Milei nunca escondeu sua admiração pela liberal Thatcher, uma figura controvérsia na Argentina, já que foi ela a dar a ordem para retomar o controle do arquipélago.

A promessa de retomada da soberania, no entanto, esbarra no lado britânico. Após Milei vencer as eleições, o primeiro-ministro Rishi Sunak parabenizou o libertário, mas não sem alertá-lo que " a questão das Malvinas já está resolvida”.

Em 2 de abril de 1982, a Argentina - então sob sua ultima ditadura militar - tomou as ilhas através de um desembarque anfíbio, que não causou vítimas inimigas ou civis, capturando e deportando a guarnição britânica. Após dois meses de intensos combates terrestres, marítimos e aéreos, a argentina assinou a rendição em 14 de junho do mesmo ano. A guerra deixou um total de 649 argentinos, 255 britânicos e três civis mortos.

A Argentina, porém, nunca reconheceu a derrota. Desde o fim da guerra e sob uma democracia ininterrupta, o Reino Unido rejeitou as reivindicações argentinas pela soberania das ilhas e dos espaços marítimos circundantes, apesar dos repetidos apelos ao diálogo por parte das Nações Unidas e de outras organizações internacionais.

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“Não quero que o respeito seja monopólio de um espaço político, por isso convoco à sociedade a iniciar uma nova era de reconciliação, dando às Forças Armadas o lugar, o reconhecimento e o apoio que merecem”, afirmou Milei.

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A questão Malvinas também é cara pessoalmente para Milei, que já comentou em entrevistas lembrar de estar assistindo, aos 11 anos, à televisão no momento em que o governo militar deu a ordem para ocupar o arquipélago e, ao dizer que terminaria em derrota, apanhou de seu pai.

Dentro de sua proposta de reconciliação, o libertário convidou os veteranos das Forças Armadas a participarem do Pacto de Maio, conversações que o governo tem conduzido com governadores e deputados para avançar uma nova Lei Ônibus após embates entre Milei e os mesmo. O presidente pretende assinar um plano de conciliação em 25 de maio e estendeu o convite aos membros do Estado-Maior Conjunto e das Armadas Forças Armadas, bem como aos veteranos das Malvinas.

No mesmo dia, o governo Milei mudou o nome de um espaço da Casa Rosada, então nomeado Salão dos Povos Originários no governo de Cristina Kirchner, para Heróis das Malvinas. Em um gesto semelhante o tradicional Salão das Mulheres foi renomeado para Heróis do 8 de março, no Dia Internacional da Mulher./Com AFP e EFE

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