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Milei suspende propaganda oficial nos meios de comunicação como parte de ‘ajuste fiscal’

Pacote econômico, porém, só será divulgado no fim da tarde por meio de uma mensagem gravada pelo ministro da Economia, Luis Caputo

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Foto do author Carolina Marins
Atualização:

ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES - O governo de Javier Milei anunciou nesta terça-feira, 12, que irá suspender por um ano as propagandas oficiais nos meios de comunicação da Argentina. A medida foi informada esta manhã durante coletiva de imprensa do porta-voz da presidência, Manuel Adorni, como parte das primeiras ações de ajuste fiscal. O plano econômico, no entanto, só será revelado no fim da tarde de hoje pelo ministro da Economia, Luis Caputo.

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“Queria lhes dizer que, embora já fosse de conhecimento público, as propagandas midiáticas estão suspensas por um ano”, afirmou Adorni, ratificando uma das promessas de campanha de Milei de reduzir os gastos do governo. De acordo com o jornal Clarin, citando dados da Fundação LED presidida pela deputada do PRO Silvana Giúdici, em 2021 o governo argentino destinou 4 bilhões de pesos para propaganda oficial, em 2022 aumentou o valor para 15 bilhões e este ano passou para 40,8 bilhões de pesos.

O porta-voz, porém, não deu mais detalhes sobre como e quando a medida passará a valer, e se afetará apenas meios tradicionais ou também redes sociais, onde Milei formou sua militância e onde hoje está o maior investimento do governo.

O presidente da Argentina, Javier Milei, no dia da posse presidencial Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Ainda de acordo com o Clarin, citando o relatório oficial da Secretaria de Mídia e Comunicação da Presidência, o YouTube é a principal plataforma de propaganda do governo, com um gasto de mais de 1 bilhão de pesos de janeiro a outubro deste ano, seguido por Facebook e Instagram. Milei, porém, chegou a gastar mais de 2 bilhões em suas redes na mesma época, valor que é maior do que recebe todas as rádios argentinas juntas.

Por lei, o governo argentino é obrigado a publicar os seus atos de gestão, o que transforma a publicidade em obrigação constitucional, segundo a lei de transparência.

Além de repetir durante a campanha o desejo de cortar a propaganda, a medida havia sido adiantada pela atual ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino. “Excelente decisão de Milei: se não há mais dinheiro, se elimina a propaganda oficial”, disse. O “não há dinheiro” foi um dos motes de seu primeiro discurso como presidente.

Medidas econômicas

É por isso que há grande expectativas para os anúncios das medidas econômicas de Caputo na tarde de hoje. Ontem, o porta-voz da presidência havia dito que os anúncios seriam feitos em uma coletiva de imprensa. Hoje, porém, ele informou que o “pacote de emergência” será detalhado em uma mensagem gravada pelo ministro. Adorni se recusou a adiantar qualquer ponto e não respondeu quando foi questionado se haveria desvalorização do peso.

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A desvalorização é uma das hipóteses mais aventadas por economistas frente à distorção cambiária que a Argentina enfrenta hoje. Com mais de uma dezena de câmbios existentes, o país tem uma defasagem de mais de 100% no valor real do peso frente ao dólar em comparação com as transações no mercado paralelo. Segundo havia adiantado o Clarin na semana passada, Milei tem a intenção de fixar o peso do dólar acima de 600 pesos - frente aos mais de 400 de hoje -, mas não há confirmação dos valores.

Embora necessária, as desvalorizações causaram intenso estresse no preço dos produtos das últimas vezes e por isso é impopular. E agosto, logo após as eleições primárias, o então ministro da Economia Sergio Massa provocou uma desvalorização do peso em mais de 20%, levando a um aumento súbito no preço dos produtos e, em consequência, muitos vendedores retiraram as mercadorias de oferta até que a situação se normalizasse. Temendo um episódio semelhante, muitos argentinos correram para o supermercado para estocar alimentos.

Esperava-se que o pacote econômico fosse anunciado já no primeiro dia de governo, mas ontem nas primeiras horas da manhã, Adorni informou o adiamento. Em consequência, o Banco Central decretou uma espécie de “feriado combiário” para as transações em dólar oficial, até que sejam definidas as medidas e as novas autoridades do banco. O feriado, porém, causou confusões nos demais bancos privados e nos pagamentos dos cartões de crédito.

O ministro da Economia, Luis Caputo, após a primeira reunião de Gabinete de Milei Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Outro anúncio do porta-voz foi de que o governo pediu uma revisão completa dos contratos e nomeações do Estado nos últimos anos. “Qualquer funcionário que não queira prestar a informação que o presidente e os seus ministros estão solicitando terá o sanção correspondente”, alertou. Ontem, Milei havia pedido em sua primeira reunião de gabinete um “inventário geral” dos cargos públicos. Cortar o número de funcionários públicos é outra promessa de campanha do libertário. Adorni afirmou que o governo pretende cortar o “emprego militante”.

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Segundo ele, todas as medidas, assim como o pacote econômico de Caputo, visa impedir uma hiperinflação, uma realidade que se aproxima cada vez mais da Argentina, que já tem uma taxa anual de 142%. “O objetivo é fazer o impossível no curtíssimo prazo, não só para cumprir o que foi prometido, mas para evitar a catástrofe porque estamos numa das crises mais profundas da história e também caminhamos para a hiperinflação e a decisão é evitar isso”, acrescentou .

Adorni também destacou a redução de ministérios, secretarias e sub-secretarias que fez o governo. Já em seu primeiro decreto presidencial, Milei reduziu de 18 para nove o número de ministérios. Agora, o número de secretarias passará de 106 para 54, segundo o porta-voz. “Eram 182 subsecretários e a partir de agora passaram a ser 140, uma redução de 23%. A redução dos diferentes níveis de funcionários foi de 34%”, insistiu. Adorni, porém, não detalhou quanto o governo economizaria com a medida.

Milei se reuniu novamente com seus ministros esta manhã e, de acordo com a imprensa argentina, o foco foi falar de redução do tamanho do Estado, tema que deve ser central no pacote de medidas de Caputo.

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