LIMA - Milhares de peruanos de várias regiões do país protestaram nesta quinta-feira, 10, no centro histórico da capital para exigir o fechamento do Congresso e expressar rejeição à oposição ao governo de Pedro Castillo, em uma passeata chamada “a tomada de Lima”. Dezenas de policiais de choque impediram os manifestantes de chegar ao Congresso lançando bombas de gás lacrimogêneo.
Vestidos com bandeiras brancas e vermelhas, levando cartazes e usando chapéus típicos de províncias, diversas pessoas marcharam em Lima para defender, segundo elas, a governabilidade do país, que vive uma complicada situação política e tensões entre Executivo e Legislativo.
Castillo, no poder desde julho de 2021 para um mandato de cinco anos, já enfrentou duas tentativas de impeachment pelo Congresso - dominado pela oposição -, e responde a seis investigações fiscais por suposta corrupção dele e de seu grupo familiar e político mais próximo.
A Promotoria denunciou Castillo formalmente perante o Parlamento em 11 de outubro por suposta corrupção, um processo que pode levar a um julgamento político e à suspensão do presidente. Castillo, um professor rural de 53 anos, nega que sua família tenha cometido crimes e diz que é vítima de uma campanha para tirá-lo do poder.
“Viemos até aqui para apoiar o nosso amigo presidente porque não o deixam trabalhar, não sabem respeitá-lo”, disse Maritza Aguilar, uma das manifestantes, à agência EFE.
A manifestante viajou para a capital com outras pessoas da região de Tumbes, no norte, para protestar contra um Parlamento que define como uma “escória” dedicada “apenas” a acusar Castillo “com a sua imaginação e maldade”, em referência às acusações de corrupção.
“Ratos ociosos, vão para casa”, “urgente, urgente, fechem o Congresso”, “esta é a força, a força de Castillo”, “sempre de pé, nunca de joelhos”, gritavam os manifestantes.
O protesto começou na Praça de San Martín e continuou em direção à sede parlamentar, cujos arredores estão tomados por um grande contingente policial que dispersou os manifestantes.
Apoio a Castillo
“Sabemos que este Congresso corrupto e golpista quer encenar um golpe contra o nosso presidente, que foi democraticamente eleito pelo povo”, disse o manifestante Espuma Guerra.
“Pedimos ao Congresso que respeite a governabilidade e pedimos a paz porque este governo tem de terminar os seus cinco anos”, acrescentou Guerra, que expressou rejeição à terceira moção de impeachment do presidente que vários parlamentares da oposição preparam.
Os manifestantes, porém, não se limitaram a criticar o Legislativo. Alguns cartazes também exigiam uma nova Constituição ou a renúncia da procuradora-geral, Patricia Benavides, que investiga Castillo.
Também não faltaram críticas à imprensa de Lima, em consonância com os discursos do chefe de Estado e dos seus ministros, que têm denunciado repetidamente uma espécie de “conspiração” entre um setor da imprensa, a oposição e o Judiciário para retirar Castillo do poder.
“A grande imprensa está sendo direcionada. Ela apenas desinforma a verdade”, declarou Humberto Víctor Franco, jornalista da região de Trujillo, no norte do país.
Situação política tensa
A “tomada de Lima” foi convocada por várias organizações sociais, sindicais e políticas, cinco dias após outra manifestação em Lima e outras cidades nas quais milhares de peruanos pediram a renúncia ou a destituição de Castillo.
A polarização social e o atrito entre os ramos do governo têm sido constantes no Peru desde as eleições gerais do ano passado, mas se intensificaram nas últimas semanas, após a denúncia constitucional que a procuradora Benavides apresentou no Parlamento contra o presidente por supostamente liderar uma organização criminosa.
Diante deste cenário, Castillo solicitou a aplicação da Carta Democrática Interamericana à Organização dos Estados Americanos (OEA), que enviará uma missão ao país na semana que vem para analisar a tensa situação política do país./EFE e AFP
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