CARACAS - Cerca de 17 mil pessoas correm o risco de morrer na Venezuela por falta de material para diálise, um dos muitos insumos médicos escassos pela crise econômica, denunciaram pacientes e uma ONG nesta quinta-feira (1).
Dezenas de atingidos protestaram nas cidades de Maracaibo (noroeste) e Barquisimeto (oeste) para exigir ao governo que importe rapidamente o material necessário para os tratamentos.
"São quase 17 mil pessoas que estão em risco. Esgotaram-se os filtros que fazem a função do rim nas diálises. Se não forem atendidos, vão morrer imediatamente", advertiu à AFP Francisco Valencia, diretor da ONG Codevida, que defende o direito à saúde.
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Segundo Valencia, um homem morreu nesta quinta-feira no Estado Barinas (oeste) por não poder fazer a diálise.
"Temo pela minha vida. Não recebo uma boa diálise desde sábado. Na terça-feira passei apenas por duas horas de diálise, o que não é suficiente, e não sei quando poderão me atender de novo, pois não há material", relatou à AFP Carmen Padilla, de 44 anos, que espera um trasplante de rim.
Padilla protestou em Barquisimeto. "Estou com muito líquido e hoje nos disseram que vai chegar material apenas para 100 pacientes no Estado, quando somos mais de 1.300", declarou por telefone.
Segundo o jornal El Nacional, 32 dos 129 centros de hemodiálise do país estão fora de serviço por falta de material.
A escassez de remédios na Venezuela para doenças de alto custo, como o câncer, chega a 95%, enquanto os essenciais, como contra hipertensão, é de 85%, de acordo com a Federação Farmacêutica. No entanto, o desabastecimento de insumos médicos alcança 85%, segundo várias ONGs.
"Não há filtros e pedem que levemos o nosso, mas não existe. Tenho de fazer diálise três vezes por semana e nesta só fui ontem", disse à AFP em Caracas Anyeli Palma, de 32 anos.
Chorando, Palma assegurou que já tem problemas para dormir e respirar porque acumula líquidos nos pulmões: "Tenho medo. E se continuarmos assim, o que pode acontecer é haver muitas mortes".
O presidente Nicolás Maduro aprovou na terça-feira um orçamento de 12,3 milhões de euros para adquirir "medicamentos hemoderivados, insumos para bancos de sangue, cateteres e reativos para as máquinas de diálise".
Maduro denunciou que seu contraparte colombiano, Juan Manuel Santos, ordenou deter barcos que se dirigiam para a Venezuela com remédios para diálise. Valencia celebrou o anúncio do presidente, mas teme que os remédios e insumos não cheguem a tempo. / AFP